Façam mais uma comissão de inquérito
Como alguns não aprenderam nada com a actual, já estão a arranjar lenha para se queimarem noutra
Boa noite!
Pelos vistos atentamos contra a ordem instalada, os regimentos e os maus costumes. Tudo à conta de mais episódios burlescos motivados pela cada vez mais perigosa Comissão de Inquérito.
“Hora de burro!”
O jornalista não é notícia e os primeiros a sabê-lo são os que andam empenhados em dar notícias e a manter a população informada. Sem espanto, hoje apercebi-me que, entre ‘a classe’, a preocupação acalorada não está focada na publicação certificada dos factos, mas na forma como os mesmos são obtidos. Isto a propósito da insistência de colegas de profissão junto do Presidente do Governo para que este revelasse como é que o DIÁRIO teve acesso aos documentos por si escritos, alegadamente “primeiro que os próprios deputados”, uma presunção que carece de prova inequívoca.
Como é óbvio, o líder do executivo madeirense tem mais que fazer do que controlar expedientes comunicacionais ao abrigo da liberdade da informação. Contudo, conhece as regras do jogo e até a independência editorial de alguns meios, ao sublinhar que “no DIÁRIO quem determina os conteúdos não são os donos nem os accionistas, mas sim a redacção e o seu director”.
Admite-se que haja fúria em algumas hostes, não sei se conscientes que “O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos”. Não percam tempo. Façam já uma comissão de inquérito às dolorosas fugas de informação e aos exclusivos que o DIÁRIO dá, vindos do governo e da oposição, das câmaras e das juntas, dos clubes e das associações, dos desconhecidos e dos amigos. Nuns casos há muito mérito, que neste, confesso, é relativo, pois tive acesso ao material devidamente solicitado quando muita gente estava a dormir. Foi assim mesmo, pela calada da noite, mas sem qualquer ilegalidade, nem desconsiderações de outro teor. Posso garantir que não assaltei a Assembleia onde as respostas foram entregues, não pressionei quem quer que seja, nem tenho dotes de adivinho.
‘Mural da estória’
O PS tinha tanta, mas tanta pressa em ter as respostas de Miguel Albuquerque às 72 perguntas que fez sobre os alegados favorecimentos do governo regional aos grupos económicos que mal as recebeu dissertou, outra vez, sobre a forma e outras minudências, em vez de avaliar o conteúdo e respectivas implicações.
Apesar de avisado para a necessidade de mudar de estratégia, o PS de Sérgio Gonçalves teima em chapinhar no lodo, assumindo-se como comentador das reacções presidenciais em vez de escrutinar as evidências governativas.
PS que também revela admiração por Albuquerque dizer que não sabe como as suas respostas às questões da comissão de inquérito foram tornadas públicas na comunicação social. Diz o deputado que o DIÁRIO publicou antes de chegarem aos próprios deputados e até tinha outras certezas, entre as quais “que só o presidente do Governo e os membros do seu gabinete tinham as respostas”. E teria sido bem mais cauteloso na teoria da conspiração.
Cumpre-me lembrar duas coisas. Primeiro, que o jornalista “deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar”. E que é sua obrigação divulgar as ofensas a estes direitos. Segundo, que os jornalistas têm memória e convivem de perto diariamente com práticas semelhantes que agora geram espanto. Será que o PS nunca fez chegar à comunicação social requerimentos que vão dar entrada na ALM, perguntas que irá fazer nas comissões parlamentares e deliberações camarárias por aprovar?
Contra factos não há adereços
O Marítimo é a equipa da Primeira Liga portuguesa com a pior percentagem de tempo útil de jogo. com 52,2%, e a que tem a média de tempo útil por jogo mais baixo, com 52 minutos e 24 segundos. Isto apesar de ser, a par do Chaves, o clube que, em média, mais tempo total jogou. Após 24 jornadas, apresentar 100 minutos e 23 segundos de duração média por desafio tem tanto de eloquente sobre o anti-jogo praticado e, por sinal, denunciado por alguns adversários, como sobre a qualidade do plantel.
O momento do dia
Isto é futebol, gerado por clubes com grandeza!