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Borrell diz a Israel que UE é "livre" de debater tudo o que considere "importante"

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O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse hoje que o Parlamento Europeu é "livre" de debater tudo o que considera "importante", depois de ter sido acusado por Israel de ingerência nos seus assuntos internos.

"Este Parlamento é livre para debater tudo o que considera importante", sublinhou Borrell durante um debate naquela instância intitulado "Deterioração da democracia em Israel e as consequências nos territórios ocupados".

O diplomata espanhol informou os eurodeputados que está em contacto com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Palestina e de Israel e que falou com este último, Eli Cohen, esta manhã.

No diálogo, o ministro israelita considerou as posições da UE em relação a Israel desequilibradas e pediu que fossem tomadas medidas que expressassem a compreensão dos europeus sobre a complexa situação de segurança em que Israel se encontra.

"Estava preocupado e questionou porque é que o Parlamento Europeu interfere nos assuntos internos de Israel, mais uma vez, culpando-me", realçou Borrell, acrescentando ainda que a política externa da UE está nas mãos dos seus Estados-membros.

O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança deixou claro que tentou explicar a Cohen, "de forma muito amigável", que é "normal que os eurodeputados se preocupem com a espiral crescente de violência em Israel e nos territórios palestinianos ocupados", e que há uma "necessidade de todas as partes desescalarem a situação".

Eli Cohen emitiu hoje um comunicado, a indicar que tinha falado com Borrell para questionar uma série de posições da UE em relação ao conflito com os palestinianos, que considerou desequilibradas e formuladas para contribuir para mais violência.

Na semana passada, Borrell emitiu uma declaração em nome dos 27 Estados-membros, na qual pediu aos líderes de Israel e da Palestina que reduzissem a escalada perante o aumento da violência nos últimos dias.

Borrell enfatizou hoje que "o que está claro é que a situação está a piorar do ponto de vista da violência e do conflito entre Israel e os territórios palestinianos ocupados".

"Devemos continuar a trabalhar para dar segurança a Israel, liberdade aos palestinianos e paz e estabilidade para toda a região", frisou.

"Que fique claro que contribuir para tentar resolver o conflito entre Israel e a Palestina é uma prioridade para nós", acrescentou.

Borrell vincou ainda que, "por essa razão", rejeita "as declarações de membros do Governo" para que a UE não se preocupe com o problema, por não ser seu.

"Penso que todos [no Parlamento Europeu] concordamos que a UE deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para contribuir para uma solução pacífica para o conflito no Médio Oriente e para a paz entre Israel e a Palestina", concluiu.

O protesto do Governo israelita ocorre quando o conflito está a atingir um novo pico de violência, com mais de 80 palestinianos mortos na Cisjordânia ocupada até agora este ano em incidentes violentos com Israel - o início de ano mais mortal na região desde 2000. No lado israelita, morreram já 14 pessoas, vítimas de ataques palestinianos, que também aumentaram.

As críticas israelitas também ocorreram após declarações de líderes europeus manifestando a sua preocupação com a polémica reforma judicial promovida pelo Governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, que procura conferir mais poder ao Executivo em detrimento da Justiça.