Criar (o) futuro (XVII)
“A política é a arte de evitar que as pessoas participem em questões que as preocupam”, disse o filósofo e escritor Paul Valéry.
Não concordo de todo com esta frase, pois entendo que a política acontece quando se exerce a cidadania, quando se efetiva a participação dos cidadãos, quando temos voz ativa no debate e elaboração de políticas que terão influência no nosso quotidiano. Mas percebo o perigo que pode encerrar o distanciamento ou mesmo alienação política manifestada por significativa parte da população, ou, por outro lado, a tentação de se enveredar por populismos e extremismos, por promessas apelativas, mas vãs.
É preciso evitar, passados 45 anos, tornar atual o texto de Francisco Sá Carneiro, não publicado na época, na parte em que afirma: “O que na realidade há, perante a crise e tudo quanto a ela tem dado lugar, é uma enorme e profunda indiferença. Indiferença que radica em crescente descrença.”
Em ano de eleição da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, é preciso cativar os eleitores, com um Programa do Governo centrado nas pessoas, nas suas reais e urgentes necessidades, mas também na sua capacitação e autonomização. Habitação e Emprego devem assumir destaque nas medidas a propor, dada a sua importância essencial para ultrapassar vulnerabilidades sociais e económicas que ainda persistem em muitas famílias.
Como cidadãos, todos somos chamados a intervir na construção de um futuro que se quer mais próspero, coeso e feliz. Um futuro com dignidade e esperança.
E a cerca de seis meses das próximas eleições, é preciso estarmos atentos às propostas que vão sendo apresentadas, e quem tem as pessoas melhor preparadas para as implementar.
Como militante do PPD/PSD há mais de 30 anos, confio que o programa do meu partido para 2023/2027 terá as melhores propostas para os madeirenses e porto-santenses, apostando, como sempre, no bem-estar e maior e melhor qualidade de vida para todos, direcionando as medidas a implementar para o que é realmente importante do ponto de vista estrutural e não somente para o que é conjuntural.
Exige-se ambição, competência e capacidade de adaptação e resiliência face a um contexto sempre em mutação. Este desígnio serve para a sociedade como um todo e para cada um de nós, pois temos de estar conscientes que a vida é feita de ciclos, e ter a capacidade de aproveitar o melhor possível cada fase, refletindo sobre o passado, perspetivando o futuro, mas sobretudo vivendo o presente.
Na minha recente e breve pausa profissional, retive uma frase, cujo autor desconheço, mas que se adapta, mais vezes do que seria aconselhável, ao nosso dia a dia: “Na vida, é preciso muito cuidado com o que ouvimos. Há mentiras cativantes e verdades sem graça. Isso costuma confundir a razão.”
Apesar de todos os obstáculos, temos de conseguir persistir nos nossos caminhos, com seriedade, ética e verdade. Num dos últimos livros que li, “A breve vida das flores”, de Valérie Perrin, há um excerto de que gosto particularmente: “É claro que há (…) o desgosto, (…) mas a vida sai sempre vitoriosa.”
E porque a política faz-se com gente que acredita, quero dar os parabéns ao Presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, Nuno Batista, pelo excelente projeto “Táxi Social + 65 anos”, que estou certa irá contribuir para atenuar fragilidades de saúde, sociais e económicas, em prol de ainda maior inclusão social naquele importante concelho.
Para terminar, e porque daqui a dias celebra-se o Dia do Pai, quero desejar a todos os pais, e em especial ao meu, um feliz dia.