Madeira

“O madeirense vai mais pelo preço e não pela qualidade”

Engenho o ‘O Reizinho’ já exporta quase metade do rum produzido

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Criado em 1982 pelo proprietário, Florentino Izildo Gouveia Ferreira, o engenho ‘O Reizinho’, em Gaula, mantém a prática tradicional da moagem e da produção de aguardente caseira, que em 2022 rendeu mais de 100 mil euros em volume de negócios, metade para exportação. É no estrangeiro que o rum ‘O Reizinho’ é mais valorizado, e por isso, reconhecido. Prova disso, “os maiores clientes são do estrangeiro”, diz Florentino Ferreira, que admite que ‘O Reizinho’ “seja “mais conhecido lá fora que aqui na Madeira”. “O madeirense, geralmente, vai mais pelo preço e não pela qualidade. Por isso estamos mais focados no mercado estrangeiro, porque reconhecem a qualidade e é aí que a gente consegue sobreviver”, esclarece.

Com vários prémios ganhos a nível nacional e internacional, entre os quais se destacam a medalha de ouro no World Rum Awards, em 2019, e em 2020 duas medalhas de ouro no China Wine & Spirits Awards, e com as “exportações a aumentar”, ‘O Reizinho’ é sobretudo consumido em Inglaterra e na França, além do mercado regional.

Este ano o engenho familiar espera receber até 300 toneladas de cana-de-açúcar, e prevê produzir cerca de 18 mil litros de aguardente, à média de 50 graus.

“Uma produção dentro das expectativas”, com a particularidade do pequeno engenho artesanal obrigar a “começar mais cedo e acabar mais tarde devido à dificuldade que temos em produzir. Enquanto os grandes (engenhos) moem num dia nós levamos aqui uma semana pelo menos. Portanto temos de começar mais cedo para conseguirmos ter cana durante três meses”, esclarece. A prática tradicional da moagem limita a trabalhar “quatro dias por semana, porque não temos capacidade para mais”.

Três meses reforçados com cinco trabalhadores temporários. No resto do ano a produção de aguardente caseira é assegurada pela família (Florentino, o filho e a nora).

A aposta tem sido “tentar envelhecer o máximo possível” as aguardentes derivadas da cana-sacarina, porque é o rum envelhecido o mais valorizado pelos apreciadores.

A principal dificuldade “é não poder crescer muito”, razão para admitir que “o próximo passo será arranjar instalações maiores, melhores condições, mas isso leva o seu tempo, para não dar ‘o passo maior que a perna’”, diz.

O objectivo passa por criar novas instalações na freguesia e “manter a alma” de ‘O Reizinho’ na casa onde está instalado.