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Sem representação na I Liga?

De alguns anos para cá, o Marítimo anda a perder fôlego na I liga. As classificações demonstram uma decadente perda de potencial, longe dos grandes momentos e tardes de glória desportiva que chegaram a colocar o “maior das Ilhas”, entre os quatro melhores clubes Portugueses, com repetidas participações em competições Europeias.

Esta paulatina descida aos “infernos” teve início quando, erradamente, a direção do Marítimo, então liderada por Carlos Pereira, resolveu privilegiar os aspetos patrimoniais físicos do clube em detrimento do crescimento da equipa principal de futebol. Deixou-se de apostar na qualidade e capacidade do plantel, jogando para não descer. Em consequência, os verde-rubros foram baixando de nível competitivo e também de estatuto. Hoje o Marítimo está irreconhecível no panorama desportivo nacional! O mesmo se passa com o Nacional, remetido para a II Liga, em risco de descer ao campeonato de Portugal!

Outro erro, no meu entender, imperdoável, foi a Madeira não ter aproveitado o Euro 2004 para remodelar os Barreiros, poupando dinheiro e permitindo à Região ter um palco para o futebol profissional, moderno e que serviria apenas as equipas da Madeira que participassem na I liga.

Um estádio com as vertentes desportiva e comercial, lojas e restauração. As equipas na I liga, utilizavam a infraestrutura à vez e ficavam com os dividendos comerciais, no caso, o aluguer dos espaços explorados por privados ou de exploração direta pelos clubes. Por exemplo, quando o Marítimo jogasse nos barreiros, os lucros comerciais dessa semana, seriam deste clube e por aí adiante. Uma forma de se autofinanciar.

Se tal tivesse acontecido, certamente, não teriam sido cometidas as “loucuras” de construir dois estádios, Marítimo e Nacional, que hoje, levam uma grande fatia dos orçamentos para a necessária manutenção. Admito a construção apenas de campos para treinar e para a formação.

O tal estádio do Euro, seria sempre da Região ou Municipal, evitando encargos aos clubes.

Nada disto foi feito. A ganância das obras megalómanas desterrou as mais valias desportivas e hoje é o que se vê. O Nacional na II Liga e o Marítimo à beira do abismo!

E não é por falta de apoio, porque esse, é grande e constante, domingo a domingo, sempre com esperança de tirar o Marítimo da aflição. O “caldeirão” continua com a chama verde-rubra bem viva!

Infelizmente, as coisas não estão fáceis e também não se vislumbram soluções fáceis. As mudanças de direção e de treinadores, até ao momento, não resultaram. A equipa continua na mó de baixo padecendo dos tais erros do passado. Não se constituíram equipas fortes e competitivas de maneira que o clube andasse sistematicamente na Europa do futebol e do dinheiro, tal com fez o Braga. O resultado é o que se vê.

Chegados aqui, é necessário reorganizar toda a estrutura. Repensar os objetivos porque o dinheiro vai faltar.