Madeira

Mais sensibilização e formação para a ética no desporto, defendem especialistas e governantes

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O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defendeu, hoje, uma maior sensibilização para a importância dos valores da “ética no desporto e na vida”.

“A educação – apostar precocemente, desde a escola, na formação dos nossos jovens para a ética no desporto e na vida – a par da formação contínua dos agentes desportivos, são dois caminhos que temos de percorrer em prol de um desporto mais saudável e de uma sociedade mais justa”, referiu José Manuel Rodrigues na sessão de abertura da acção de formação para árbitros e treinadores promovida pelo NAFRAM – Núcleo de Árbitros de Futebol da Região Autónoma da Madeira, inserida no ciclo de conferências 'Parlamento Com Causas'.

'O Desporto e os Desafios da Ética' foi o tema central da ação de sensibilização, apoiada pelo Plano Nacional de Ética no Desporto e o Instituto Português do Desporto e Juventude, que teve por objectivo “promover as boas práticas sobre a ética e fair play no desporto”, começou por enquadrar Pedro Viveiros, presidente da NAFRAM.

Rui Marote, presidente da Associação de Futebol da Madeira, reconheceu haver “falta uma cultura sobre esta matéria e todas as acções que se façam para disciplinar e dar outros conhecimentos são de extrema importância”.

Já o director regional do Desporto lembrou que “formar uma escola de valores exige sempre o empenho e a atenção de todos.” David Gomes lamentou a crise de valores, “transversal à sociedade e não só ao desporto".

"Hoje temos uma crise de valores muito grande na bancada, e é tão mais preocupante quando se vê essa crise de valores nos escalões de formação”, com os pais a exigirem cada vez mais das crianças, dos dirigentes e dos técnicos porque todos os “pais querem ‘Cristianos Ronaldos’. E quando a exigência é grande a raiva transforma-se em palavras menos próprias”, disse.

A acção de formação foi ministrada pelo coordenador do Plano Nacional da Ética no Desporto. José Carlos Lima salientou que o “árbitro deve ter uma dimensão pedagógica e especialmente reconhecer a juventude como alguém que está em formação e que precisa de apoio".

"Muitas vezes não dá para perceber como é que os pais criticam os jovens árbitros, que estão ali para aprender e para progredir”, lastimou.

Referiu, também, ser necessário “valorizar a ideia da necessidade do outro para competir”, sobretudo nos escalões de formação.

O coordenador do Plano Nacional da Ética no Desporto revelou estar a trabalhar num programa, com várias associações de futebol e algumas federações, para “que a classificação seja reflexo não só do resultado, mas também de outros parâmetros”, à semelhança do que acontece noutros países, o que “tiraria peso competitivo ao resultado”, aclarou.

O ex-árbitro Internacional madeirense Duarte Gomes foi um dos actores desta acção de sensibilização, começando por salientar “que precisamos de pessoas boas no desporto, pessoas de carácter bom, e isto não quer dizer pessoas perfeitas”. O também embaixador da ética desportiva pediu o empenho de todos.

“O desporto para ser uma escola de valores todos nós temos de contribuir”, concluiu.

O encontro que juntou árbitros, treinadores e dirigentes desportivos realizou-se no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira.