Abastecimento de energia em Kiev quase normalizado
A capital da Ucrânia, Kiev, teve a maior parte de fornecimento de energia restaurado hoje, disseram as autoridades locais, após o mais recente ataque russo de mísseis e 'drones' contra infraestruturas críticas.
No que se tornou uma tática russa habitual desde o início de outubro, as forças do Kremlin lançaram um vasto ataque aéreo na Ucrânia na quinta-feira, enquanto as batalhas terrestres no leste do país permanecem num impasse.
O aparente objetivo de atacar centrais elétricas e outras infraestruturas é enfraquecer a determinação da Ucrânia e obrigar o Governo ucraniano a negociar a paz nos termos de Moscovo.
As autoridades ucranianas esforçaram-se para conter as consequências dos últimos bombardeamentos, num ciclo recorrente de destruição e reparações urbanas, que trouxe poucas mudanças no curso da guerra.
O Institute for the Study of War, um 'think tank' com sede em Washington, considera que "esses ataques com mísseis não irão minar a vontade da Ucrânia ou melhorar as posições da Rússia nas linhas de frente".
Segundo o analista militar ucraniano Oleh Zhdanov, citado pela Associated Press, os russos estão a atacar infraestruturas civis, porque não podem atingir com eficiência os militares ucranianos.
"Os russos carecem de dados sobre a localização das tropas e armas ucranianas, então eles visam infraestruturas civis e usam os velhos métodos de atacar civis para semear medo e pânico na sociedade", afirmou, acrescentado que "a Ucrânia sobreviveu ao inverno e os ataques da Rússia ao sistema de energia na primavera dificilmente fazem sentido".
A energia e a água foram restauradas em Kiev, disse Serhii Popko, chefe da administração militar da cidade, mas cerca de 30% dos consumidores da capital permanecem sem aquecimento e os trabalhos de reparação ainda decorrem.
O fornecimento de eletricidade foi reposto a mais de nove em cada 10 consumidores na região de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, disseram autoridades locais, enquanto a energia também foi restaurada para um terço dos consumidores na região de Zaporijia, no sul do país.
Os ataques aéreos russos de quinta-feira, grande parte antes do amanhecer, foram os maiores em três semanas, lançando mais de 80 mísseis e 'drones', atingindo também prédios residenciais, matando seis pessoas e deixando centenas de milhares de pessoas sem aquecimento ou água corrente.
Os ataques foram caracterizados pela variedade de munições usadas pelas forças do Kremlin, incluindo mísseis de cruzeiro hipersónicos Kinzhal, que estão entre as armas mais sofisticadas do arsenal russo.
Ainda assim, os bombardeamentos contra infraestruturas de energia, que ganharam força no último outono, começaram a tornar-se menos frequentes.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que os ataques foram uma retaliação a uma recente incursão na região de Bryansk, no oeste da Rússia, que Moscovo alegou tratar-se atos de sabotadores ucranianos, o que foi negado por Kiev.