Boa Noite

Alto risco

Impedir a sã convivência entre adeptos de futebol é assumir culpas no cartório

Boa noite!

Fechamos a semana com três momentos que nos caracterizam.

‘e-mail do dia’

O Marítimo anunciou que o jogo com o Benfica de domingo próximo foi classificado de alto risco. Presume-se que tenha sido a PSP a decretar a adjectivação, por sinal pouco convidativa, mesmo que aplicada a um alegado espectáculo desportivo, em que durante duas horas muitos perdem a cabeça e sejam campeões no impropério, embora o jogo se dispute num contexto normalmente norteado pelo bom senso e pela segurança. Por isso, estranha-se a proibição de utilização de adereços alusivos ao clube adversário em vários sectores dos Barreiros, atentatória da sã convivência entre gente educada. O futebol inimigo do adepto pagante é dispensável. Que ganhe o melhor e que cada um manifeste o seu clubismo sem fundamentalismos, nem provocações.

“Hora de burro!”

Os ziguezagues dos bispos portugueses têm sido frequentes depois de conhecido o relatório da comissão independente sobre os abusos sexuais na Igreja Católica. A elite preocupou-se com o clericalismo do que ter um plano de acção concreta que atenda ao sofrimento das vítimas e afaste os abusadores. O que aconteceu há uma semana em Fátima na conferência de imprensa da CEP é vergonhoso. Um lavar de mãos inaceitável, como assumem os católicos sem preconceitos. Uma desilusão. Hoje soube-se através do ‘Expresso’ que o bispo madeirense e presidente da CEP, D. José Ornelas assume não ter sido  feliz. “Não correu bem, a comunicação não foi adequada e não consegui passar aquilo que levava para dizer”, referiu. E que a igreja não vai limitar-se a pedir perdão e a fazer um memorial, mas que vai pagar o tratamento das vítimas. Um ‘mea culpa’ evitável e tardio.

“Já se vai ver isso!”

A esta hora estaremos a celebrar com o Carlos Perneta a caminhada de 16 anos no DIÁRIO e que agora dará lugar a uma nova empreitada noutras paragens. Para “um rapaz que nunca se deu parado” estar desde 2007 numa instituição como a nossa foi um desafio impactante. “Nunca me passou pelo pensamento que este percurso, nesta apaixonante indústria, fosse tão exigente, mas também tão extraordinariamente enriquecedor”, assumiu na mensagem que nos deixou esta semana.

Atarefado com os compromissos planeados e com os imprevistos de última hora nunca negava resposta a quem pedia ajuda, atenção e facilidades. Com a prontidão em forma do “já se vai ver isso!” foi construindo uma imagem altruísta que guardamos na memória e contribuindo para a satisfação de vários públicos dos quais foi cúmplice ao idealizar e realizar eventos e festas, conferências e peças, ócios e sonhos.

Dou por mim a partilhar com elevada frequência nos últimos anos a gratidão colectiva que aqueles que deixam marcas por onde passam merecem receber. É sinal que para além da azáfama profissional, o DIÁRIO também é espaço para fortalecer amizades que não vivem confinadas aos espaços de convivência habitual. Como estas ficam para a vida, têm tudo para alimentar as mudanças vitais, aquelas que realmente nos devem guiar quando nos propomos percorrer o caminho da felicidade. Qualquer que seja o teu destino próximo ou longínquo, desejamos-te sucesso.