Queda de poder de compra reduz consumo de bens essenciais na Venezuela
A queda do poder de compra está a obrigar os venezuelanos a reduzir o consumo de arroz, açúcar e farinha de milho, alertou hoje a Confederação de Associações de Produtores Agropecuários da Venezuela (Fedeagro).
A Fedeagro registou uma queda acentuada no consumo de arepas, uma espécie de panqueca de massa de pão feita com farinha de milho e recheada com carne, frango, queijo e fiambre, e presença obrigatória no pequeno-almoço dos venezuelanos.
“O consumo médio de farinha [de milho], que rondava os 38 quilos, caiu para 30 quilos. Com o arroz, não chegamos sequer aos 25 quilos per capita”, disse aos jornalistas o presidente da Fedeagro, Celso Fantinel, referindo-se ao consumo registado em 2022.
Apesar da queda, o responsável explicou que os produtores venezuelanos procuram apoio financeiro para conseguir aumentar a produção de bens como girassol e soja, e garantir a estabilidade alimentar no país.
“Se conseguimos mais apoio, antes de cinco anos, poderemos ter soberania em alguns produtos”, frisou.
Por outro lado, o diretor da Fedeagro, José Luís Pérez, explicou que a Venezuela teve de importar, em 2022, a metade do arroz que consumiu.
“Em 2022 produziram-se 425 mil toneladas de arroz 'paddy'. Isso significa que nesse ano produzimos apenas 50% do consumo nacional”, disse, precisando que a falta de financiamento dirigida aos programas de produção e diretamente para os produtores que antes tinham acesso aos bancos, "está a impedir o desenvolvimento do setor do arroz”, disse.