Vice-presidente do BCE contra as exigências salariais de sindicatos europeus
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Luis de Guindos defende que os sindicatos devem moderar as exigências salariais, face ao aumento dos preços, para não "alimentarem" a curva da inflação.
"Os sindicatos [da zona Euro] estão inclinados a pedir aumentos salariais excessivos. Temos de ter cuidado", disse o vice-presidente do BCE Luis De Guindos, numa entrevista divulgada hoje pelo jornal diário alemão Suddeutsche Zeitung.
"Devemos evitar uma espiral entre os salários e os preços", reforçou, acrescentando que "ninguém ganha" quando um movimento inflacionário é posto em marcha por causa de aumentos salariais.
"Se entrarmos numa espiral entre os salários e os preços, o BCE vai ter de aumentar as taxas de juro, mais do que teria feito de outra forma", afirmou referindo que a situação pode vir a aumentar "ainda mais" o custo do crédito.
O ex-ministro da Economia do Governo espanhol do Partido Popular (2011-2018) sugere que cabe às autoridades públicas apoiar o poder de compra "através da introdução de ajudas específicas para mitigar o impacto da inflação".
"Desta forma, as pessoas poderiam reduzir as exigências salariais e o BCE não teria de apertar tanto a política monetária. Esta seria uma situação vantajosa para todos", disse.
Para o vice-presidente do BCE a "espiral em termos de salários" pode vir a dificultar "os esforços do BCE", numa altura em que a inflação começa a abrandar na Zona Euro.
A inflação caiu de 10,4% em outubro de 2022 para 8,5% em janeiro, pelo terceiro mês consecutivo, segundo o BCE, graças a uma "acalmia" nos preços da energia e ao desbloqueamento das cadeias de abastecimento.
Mesmo assim, Luis de Guindos defende que não se pode baixar a guarda até porque, adianta, a reabertura da economia na República Popular da China, após as restrições sanitárias, "leva a um aumento da procura de energia, metais e mercadorias, podendo gerar pressão sobre os preços".
Na Alemanha, a inflação subiu ligeiramente em janeiro.
O BCE atuou drasticamente face à política monetária, aumentando as taxas cinco vezes desde julho de 2022: um ritmo sem precedentes.
O objetivo do BCE é travar a procura junto dos consumidores consumidores e, em particular, travar o aumento dos preços.
Após um aumento provável de 0,50 pontos nas taxas diretoras na próxima reunião do BCE em março, "não se pode excluir novas subidas de taxas", disse ainda o vice-presidente do BCE.