Austrália acusa Rússia de bloquear investigação à queda de voo da Malaysia Airlines em 2014
O Governo australiano acusou hoje a Rússia de bloquear a investigação sobre a queda do voo MH17 da Malaysia Airlines sobre o leste da Ucrânia em 2014, que causou 298 mortos.
"A invasão ilegal e imoral da Ucrânia por parte da Rússia e a falta de cooperação com a investigação [à queda do MH17] tornaram os esforços para investigar e recolher provas impossíveis neste momento", disseram, num comunicado conjunto, a ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, e o procurador-geral, Mark Dreyfus.
Investigadores internacionais apontaram na quarta-feira "fortes indícios" de que o Presidente russo, Vladimir Putin, enviou aos separatistas ucranianos o míssil que derrubou o MH17.
"Há fortes indícios de que o Presidente russo decidiu fornecer o Buk TELAR aos separatistas", disse a equipa conjunta de Investigação Internacional, num comunicado, que reconheceu que Putin não poderá ser processado por gozar de imunidade conferida a um chefe de Estado.
Numa conferência de imprensa em Haia, a equipa de investigação divulgou um telefonema intercetado em que um assessor das autoridades russas diz que o atraso no envio do míssil ocorreu "porque só há um que decide (...), aquele que está atualmente em alta em França", numa referência a Putin.
Contudo, os investigadores anunciaram ainda que vão suspender a investigação sobre a queda do voo MH17 da Malaysia Airlines sobre a Ucrânia em 2014, alegando falta de provas para prosseguir.
"Neste momento, a investigação atingiu o seu limite. Todas as pistas foram esgotadas. A investigação está, portanto, suspensa. Não há provas suficientes para prosseguir com o processo", disse a procuradora holandesa Digna van Boetzelaer na conferência de imprensa.
A Austrália reafirmou hoje o compromisso de apoiar, juntamente com a Holanda, o processo em andamento junto da Organização Internacional de Aviação Civil "para responsabilizar a Rússia por seu papel no abate da aeronave civil".
O avião da Malaysia Airlines voava de Amsterdão para Kuala Lumpur quando foi atingido em 17 de julho de 2014 sobre a parte do leste da Ucrânia controlada por rebeldes pró-Rússia.
O anúncio de suspensão de trabalhos por parte da JIT ocorre menos de três meses depois de um tribunal holandês ter condenado dois russos e um ucraniano pelo assassínio dos passageiros e tripulantes do MH17, depois de os ter julgado à revelia.
"As conclusões do tribunal de Haia estabelecem inequívoca e conclusivamente a responsabilidade da Rússia no derrube do MH17", enfatizaram Wong e Dreyfus hoje, no comunicado.