Líder do PCP considera privatização "um crime económico"
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou hoje em Setúbal que a privatização da TAP é "um crime económico", na sequência da revelação do ministro das Finanças de que o processo irá em breve a Conselho de Ministros.
"Nós somos completamente contra essa ideia [da privatização da TAP]. É um erro que, a concretizar-se, será um crime económico. E nós faremos tudo para contrariar essa ideia", disse Paulo Raimundo.
"A TAP precisa de ser uma empresa pública que responda às necessidades do país, mas uma empresa pública com critérios de gestão pública. E não uma empresa pública com critérios de gestão privada. Foram esses critérios de gestão privada que permitiram esta comoção nacional - desculpem lá o termo - sobre os 500.000 euros de indemnização, sobre os não sei quantos milhões de euros de bónus, sobre as indemnizações anteriores, que ainda não são conhecidas", acrescentou o líder comunista.
Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas durante uma visita à Associação Cristã da Mocidade (ACM) de Setúbal, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que apoia cerca de 200 jovens e onde foi animador cultural quando também ainda era jovem, lembrou também que o anúncio da privatização da TAP já tem 20 anos.
"Há 20 anos que andamos nisto. Há 20 anos que uma empresa pública como a TAP - que é só a maior exportadora nacional e uma das mais importantes empresas estratégicas do país - tem tido critérios de gestão privada, exatamente para esse objetivo que se pretende [privatização]", frisou Paulo Raimundo.
Questionado sobre a investigação do Ministério Público por suspeitas de corrupção na compra de aviões da TAP pelas anteriores administrações da empresa, Paulo Raimundo disse que se a comissão de inquérito da TAP tivesse uma abrangência maior, como defendia o PCP, também poderia ajudar a dar respostas a esta questão.
"Propusemos que a comissão de inquérito fosse alargada a todo o processo de privatização. Houve quem achasse que não valia a pena", disse Paulo Raimundo, lamentando que BE e PS tivessem inviabilizado essa possibilidade.