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Na “mouche”

Desassombrada a afirmação de Carlos Pereira de que no PS não percebem nada de autonomia. Reconheço alguns desvios ao padrão geral. Lembro-me de José Magalhães e a relevância do seu papel aquando da aprovação por unanimidade e aclamação, com os deputados de pé, do Estatuto da Região, na Assembleia da República. Momento histórico. Quanto à constatação que faz regra, por cá, conformam-se.

Mas trata-se de uma realidade que desfila à frente de todos e, principalmente, dos que convivem de perto com esses interlocutores. No PSD nacional, ressalvando as meritórias e mais vastas excepções, sempre foi difícil. Mas vamos conseguindo passar alguma coisa. Dá trabalho. Mas não desistimos. É essa a diferença.

O problema reside na concepção centralista do poder que prolifera entre os que o exercem na antiga capital do império. Muitos deles nem são de lá, vêm da província, mas é por ali que estacionam para o desempenho na política e de cargos na administração governamental.

Certa vez um destacado dirigente partidário, referindo-se à descentralização para os municípios, afirmava que votaria a favor se o Estado poupasse dinheiro. Contrapus que não era esse o fundamento, mas sim o desenvolvimento das localidades e a decisão ficar mais próxima do cidadão. Levei com um esboço de olhar fulminante que resvalou e seguiu caminho. Não andei lá para estar calado.

Fomos um país colonizador durante muitos anos. A fobia centralizadora sobrevive entre os que exercem o mando em Lisboa. A que se junta um significativo e negligente desinteresse sobre o fenómeno regionalista. Daí que permaneçam por concretizar muitos dos princípios autonómicos por incumprimento por parte do Estado.