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O sucesso de um guia de arquitectura

Estes dois guias têm tido constante procura por parte do chamado “turismo cultural”

Faz hoje quase três anos que, nesta rubrica do DN dedicada a textos de opinião, anunciei o lançamento do primeiro Guia de Arquitectura do Funchal dedicado ao século XX e publicado pela Delegação da Madeira da Ordem dos Arquitectos. Passados quase três anos, tenho hoje o prazer de anunciar que o lançamento do segundo volume desta edição, desta feita dedicado ao século XIX, teve lugar no passado dia 26 de Janeiro no Teatro Municipal Baltazar Dias. Como não podia deixar de ser, quero aqui louvar publicamente a iniciativa da actual Secção Regional da Ordem dos Arquitectos. Agradeço também a confiança que, à semelhança da sua antecessora, depositou nos autores de ambas as publicações, isto é, em mim próprio e na arquitecta Maria Daniela Alcântara.

Modéstia à parte, considero estes dois guias utilíssimos instrumentos para todos aqueles que, de passagem pelo Funchal, e com algum interesse pela arquitectura da cidade, queiram ficar a saber onde e quando foram concebidos e construídos os seus mais significativos edifícios dos séculos XIX e XX. Os guias cabem no bolso do casaco do viajante e, no regresso, não pesam na bagagem. A estas consideráveis vantagens - que poderiam ser sinónimo de insuficiente informação sobre as obras referenciadas - vem somar-se o facto de em ambos constar, nas últimas páginas, os QRcodes de todas elas e uma bibliografia bem fundamentada. Esta permite ao visitante mais exigente aprofundar o seu conhecimento sobre os edifícios ou espaços urbanos que lhe despertarem mais interesse.

Com um design cuidado e sóbrio da autoria da Fepdesign, estes dois guias têm tido constante procura por parte do chamado “turismo cultural”. Tudo indica, portanto, que a Secção Regional da Ordem dos Arquitectos dará continuidade ao projecto editando um terceiro volume dedicado à arquitectura do século XXI, fechando, assim, esta empreitada cultural. A tarefa não ficará, todavia, a cabo dos mesmos autores. Não por desinteresse ou indisponibilidade, mas porque tratando-se de arquitectura em grande parte dos casos assinada por arquitectos da Madeira que se encontram no activo, melhor será que o guia seja feito por investigador do Continente. Pena é, como também já aqui escrevi, que o Funchal da era democrática tenha prescindido de obra pública construída de raiz, em lugar nobre da sua capital, por arquitectos com renome e visibilidade internacional: um museu dos Descobrimentos, uma sala de concertos, ou um museu de Arte Contemporânea como o que Siza Vieira projectou para o Porto.