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Papa diz que criminalização de homossexuais é pecado e uma injustiça

Foto EPA/TIZIANA FABI/POOL
Foto EPA/TIZIANA FABI/POOL

O Papa Francisco disse hoje que "a criminalização dos homossexuais é uma injustiça" e "um pecado", sustentando que "não devem passar em claro", num encontro com jornalistas, a bordo do avião papal, no regresso da viagem a África.

O Papa respondia a pergundos dos jornalistas, numa conferência de imprensa realizada na viagem de regresso ao Vaticano, no termo da deslocação às repúblicas Democrática do Congo e do Sudão do Sul, depois de questionado sobre a perseguição sofrida por homossexuais em alguns países africanos.

"Se uma pessoa é de tendência homossexual e crente e procura Deus, quem sou eu para o julgar?", disse Francisco, reiterando o que já dissera antes, noticiou a agência Efe.

A "criminalização da homossexualidade é um problema que não deve deixar de ser contestado", sustentou, estimando em perto de 50 o número de países que, de uma forma ou de outra, criminalizam homossexuais.

"Alguns dizem ser ainda mais [países] e, em alguns destes, cerca de 10, há mesmo a pena de morte para homossexuais. Isto não é justo", salientou.

Reiterando o que afirmara em entrevista recente à agência Associated Press (AP), o Papa disse que as "pessoas com tendências homossexuais são filhas de Deus". "Deus ama-os, Deus acompanha-os e condenar tal pessoa é um pecado", argumentou.

"Criminalizar pessoas com tendências homossexuais é uma injustiça. Não estou a falar de grupos, isso é outra coisa, os lobbies são outra coisa. Estou a falar de pessoas e o catecismo da Igreja já diz que ninguém deve ser marginalizado", sustentou.

Na entrevista à AP, o Papa afirmara que "ser 'gay' não é crime" e condenara os que criminalizam a homossexualidade.

Na conferência de imprensa de hoje, Papa Francisco disse ainda acreditar que a morte de Bento XVI, a 31 de dezembro último, com 95 anos, foi instrumentalizada "por pessoas da política e não da Igreja", a propósito de declarações, publicações e livros, como o do secretário do papa emérito, George Ganswein, após a morte daquele.

Papa Francisco afirmou mesmo que "as histórias que se contam que Bento XVI estava muito descontente" com ele "era um conto chinês", numa alusão a Ganswein, ainda que não o citasse, a propósito de uma entrevista em que o secretário pessoal de Bento XVI assegurou que o anterior pontífice não gostou do limite que Papa Francisco introduziu às missas no rito tridentino, antes do Concílio Vaticano II, e que são celebradas em latim e de costas para os fiéis.

A conferência de imprensa a bordo do avião papal contou também com a presença do líder da Igreja Anglicana, o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e com o moderador da Igreja Presbiteriana da Escócia, Iain Greenshields, com quem esteve na Catedral de Santa Teresa, em Juba, nesta primeira visita do Papa ao Sudão do Sul.

O Papa chegou na terça-feira passada à República Democrática do Congo, numa viagem que também o levou à República do Sudão do Sul, onde esteve desde sexta-feira.