Análise

Sem emenda

Os socialistas madeirenses voltaram a prevaricar. Copiosamente. Pelo menos em três situações.

1. Depois de em Outubro passado a ‘Confiança’ ter sido apanhada a copiar o Código de Conduta de Cascais na proposta que apresentou para o Funchal, eis que esta semana um deputado socialista apresentou no Parlamento Regional um projecto de resolução com muitos parágrafos retirados de documentos, artigos e teses de mestrado, sem identificar os autores. Num caso como noutro os socialistas plagiaram, ou seja, optaram pela intrujice, porventura motivada pela preguiça, apropriando-se indevidamente daquilo que não ousaram pensar, nem escrever. E se assim agiram, deviam os autores destes expedientes merecedores de repúdio ser severamente punidos.

Noutras paragens e profissões há demissões e despedimentos por causa de tamanho desrespeito pela propriedade intelectual e atentado à cidadania. Por cá, pelos vistos o crime compensa, com inusitado acolhimento tanto dos outrora independentes que já vestem rosa , como dos que decalcando ideias alheias vão ganhando a vida.

2. O PS-M rejubilou com o facto de Pedro Calado ser arguido em processo de difamação. Em causa estão acusações proferidas contra a Coligação Confiança nas ‘Autárquicas’ de 2021. Se julga que é com queixas triviais – que julgávamos ser exclusivo dos especialistas em pequenez política - que ganha eleições, equivocou-se. Nunca o conseguiu no passado e, a continuar assim, num registo dispensável, dificilmente, será alternativa. A Madeira merece melhor até porque o povo está farto do entretenimento que serve para ocupar a agenda mediática e animar o folclore político, mas que não resolve dramas sociais, nem paga contas pessoais.

Toda a gente sabe qual o objectivo das notícias e da publicidade a queixas-crime a entregar às autoridades judiciais por causa de alegadas declarações difamatórias ou de escritos ofensivos. Não passam disso mesmo. Que o digam os jornalistas que enfrentaram processos semelhantes, acusados quase sempre pela mesma personagem, que em tempos nos queria tirar emprego, pão e paz, e em diversas instâncias, a resposta foi inequívoca: os senhores políticos têm sempre forma de, em tempo real, se defenderem de eventuais acusações nos palcos por onde andam e falam, e porque gozam de tamanhos privilégios, deviam abster-se de congestionar a Justiça com papeladas, como se nas campanhas eleitorais e noutros momentos dialécticos uns sejam santos e outros pecadores.

3. O PS propôs uma redução da estrutura do Governo Regional e do número de nomeações políticas. Uma boa intenção, apesar de chumbada, mas que revela incoerência socialista, partido que não tem água com que se lave no capítulo da politização dos empregos na função pública. Cargos e dinheiro para os ‘boys’ é uma das imagens de marca de um partido que sustenta um Governo que, na óptica do primeiro-ministro, “pôs-se a jeito e cometeu erros”.

Os socialistas, que durante as últimas semanas andaram ao sabor da comissão de inquérito ao governo regional, logo sem foco consistente nas soluções para os problemas reais do povo, estão já a colher o que plantaram. Presos no remoinho em que caíram conseguirão libertar-se? A segunda sondagem do DIÁRIO é já no início de Março.