Conseguirá a Madeira produzir 50% de energia a partir de fontes renováveis em 2025?
A produção tem vindo a melhorar gradual mas lentamente.
A Europa exige, pelo menos até 2030, que se atinja metade da produção de energia eléctrica a partir de energias renováveis. E a ideia é chegar a 2050, dentro de 27 anos portanto, aos 80% e à idealizada neutralidade carbónica. A Região quer ir mais longe e pretende atingir a meta 50-50, de forma regular já em 2025. E mesmo ultrapassar os 60% em 2030. Contudo, por mais planos que o Governo Regional tenha, estamos longe do objectivo. Ainda nem um terço e o máximo que se conseguiu até hoje, foi um mês a 50-50.
Em Março do ano passado, o mix de produção de electricidade que depois é canalizado para a rede usou o tão ambicionado 50% de energia térmica (e 50% de energias renováveis, fruto do extraordinário desempenho das energias hídrica e eólica. Abril e Fevereiro também tiveram comportamento muito próximos do ideal. Mesmo Dezembro de 2022 estivemos muito perto dessa paridade.
Contudo, ao longo do ano, tivemos meses em que o peso das energias renováveis atingiu uma diferença que chegou a ser superior a 80% para as térmicas e inferior a 20% para as renováveis. A estabilidade (a falta dela) da produção de energias renováveis tem sido o grande entrave a que se atinja valores mais altos.
Para se ter uma ideia, em Janeiro do ano passado, foi possível produzir 59% de energia térmica e 41% de energia renovável para abastecer as necessidades de consumo de electricidade da Madeira. Um ano depois, o mix de produção exigiu 62% de energia térmica contra 38% da renovável. Conseguir essa estabilidade que permita reforçar o contributo da água, do vento, do sol e da queima de lixo na Meia Serra, é o principal desafio, mas não o único.
A Região prevê investir neste sector da energia mais 69 milhões de euros nos próximos anos, de acordo com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) até 2026. E os primeiros passos já estão a dar frutos, encabeçado pelo principal agente desta mudança, a Empresa de Electricidade da Madeira, tendo como parceiros a ARM - Águas e Resíduos da Madeira, a AREAM - Agência Regional da Energia e do Ambiente da RAM e a Direção Regional da Economia e Transportes Terrestres (DRETT).
Em Agosto de 2020, o presidente do Governo Regional da Madeira, acreditava que 50% da energia produzida na Região Autónoma da Madeira teria por base fontes de energia renováveis em 2021 ou 2022. Miguel Albuquerque acreditava que a construção da barragem no Paul da Serra, que visa o aproveitamento hidroeléctrico, baseado nas energias hídrica e eólica, , que custou 70 milhões de euros, iria contribuir decisivamente para esse objectivo.
"Vai dar um grande contributo para que a produção de energia na Madeira dentro de um ou dois anos tenha por base as energias renováveis. (...) É um passo decisivo na política ambiental e de energias renováveis na Região Autónoma da Madeira." Miguel Albuquerque
Assim, ainda que o plano do Governo tenha sido reajustado, atendendo às palavras do presidente do Governo, a verdade é que há uma alternativa que pretende dar um forte empurrão nessa matéria.
Trata-se do programa de instalação de Centrais de Baterias que, segundo a EEM "nasce do compromisso de adotarmos soluções inovadoras para apoiar a transição para uma economia com baixas emissões de carbono em todos os sectores" e, por conseguinte, por "um futuro mais verde" que passa, necessariamente, "por integrar boa energia no sistema elétrico da Região Autónoma da Madeira (RAM)".
O objectivo é "colocar em funcionamento quatro unidades na RAM, duas unidades em Porto Santo e duas unidades na Madeira, estando já operacionais uma unidade no Porto Santo e uma unidade na Madeira". Já foram investidos 15 milhões de euros até ao ano passado e deverão ser investidos mais 10 milhões e instalada uma nova central este ano no Porto Santo e ainda mais 12 milhões noutra unidade na Madeira e a ser instalada em 2024.
"Este é um importante contributo para alcançar a meta dos 50% de eletricidade renovável nos próximos anos sem que isso afete a qualidade do serviço prestado", garante a EEM. Nessa altura estaremos em cima do prazo de 2025 para se atingir, com estabilidade, a produção e fornecimento de metade da energia limpa. Se tal irá ser alcançado, só o tempo o dirá.
Contudo, se nos fixarmos no Plano de Acção para a Energia Sustentável da Ilha da Madeira (PAESI Madeira), que foi elaborado em Março de 2012 e que tinha em vista um investimento de 884 milhões de euros até 2020, e atendendo a que o peso da produção de energia renovável na RAM na última década (2012-2022) passou de 24,3% para os actuais 32,5%, fica mais evidente que, para chegar à percentagem prevista, será preciso acelerar ainda mais o passo nos próximos 3 anos.