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Espanha rejeita "categoricamente" reacção de Gibraltar após incidente com barco

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O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha rejeitou hoje "categoricamente" que Gibraltar classifique como "uma grave violação da soberania britânica" a chegada de um barco danificado da alfândega espanhola à sua costa. Aquele ministério exigiu "medidas eficazes para combater o contrabando".

A embarcação, cujo motor se tinha avariado, chegou durante a madrugada de quinta-feira à costa do "Rochedo", onde dois agentes a bordo foram apedrejados por contrabandistas de tabaco, algo que Gibraltar qualificou como "uma grave violação da soberania britânica".

"O governo [espanhol] rejeita categoricamente os termos da declaração conjunta emitida hoje por representantes do governo britânico em relação ao incidente, bem como as reivindicações sobre uma suposta soberania britânica sobre o território e as águas de Gibraltar nela contidas", adiantaram fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As mesmas fontes indicaram que a declaração conjunta hoje emitida pelo governador de Gibraltar, David Steel, e pelo ministro-chefe, Fabian Picardo, "é especialmente incompreensível no momento em que Espanha colocou sobre a mesa um acordo para criar uma zona de prosperidade partilhada".

"O Governo de Espanha exige medidas eficazes para combater o contrabando que prejudica toda a zona e deseja aos agentes espanhóis a sua rápida recuperação", acrescentaram as fontes, que também condenaram o ataque sofrido por membros da alfândega.

O incidente em causa ocorreu na madrugada de quinta-feira, quando dois funcionários da alfândega espanhola entraram numa praia de Gibraltar em perseguição de contrabandistas, que então lhes atiraram grandes pedras para tentarem escapar, obrigando-os a fazer uso das suas armas, segundo uma fonte da administração fiscal espanhola que solicitou o anonimato.

A mesma fonte sublinhou que os dois agentes da alfândega espanhola sofreram ferimentos, sem, contudo, precisar a respetiva gravidade.

Espanha cedeu Gibraltar à coroa britânica em 1713, no âmbito do Tratado de Utreque, mas nunca, desde então, deixou de reivindicar a sua soberania, o que origina atritos regulares na fronteira e tensão diplomática entre Madrid e Londres.

O ponto mais alto da tensão entre os dois países ocorreu em 1969, quando o regime do ditador espanhol Francisco Franco encerrou a fronteira entre aquele território britânico e Espanha, tendo esta só voltado a ser totalmente reaberta em 1985.