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Negociador afirma que Boris Johnson percebia melhor impacto do Brexit do que Theresa May

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O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson estava mais informado sobre o impacto do 'Brexit' no comércio com a União Europeia do que a antecessora Theresa May, afirmou hoje o diplomata europeu Stefaan De Rynck, que fez parte da equipa negociadora. 

"O governo de Theresa May, a avaliar pelas declarações públicas, mostrou que não percebia as consequências de sair do mercado único" em termos económicos, afirmou hoje De Rynck em Londres, num debate no instituto de estudos Chatham House.

O acordo que aquela negociou permitia uma relação mais próxima entre os britânicos e o bloco europeu, mas foi chumbado pelo Parlamento em 2019, o que levou à demissão de May, sucedida por Johnson. 

Ao vencer as eleições legislativas com maioria absoluta, este ganhou um mandato mais forte para negociar, mas deixou de fora questões como a cooperação com a UE em termos de política externa e de segurança.

"Boris Jonhson aceitou os controlos [aduaneiros] no Mar da Irlanda. Foi mais fácil negociar porque fazíamos parte do mesmo paradigma em termos de perceber que sair do mercado único e da união aduaneira iria criar fricção", recordou o atual chefe de representação da Comissão Europeia na Bélgica. 

O antigo primeiro-ministro, garante De Rynck, também "sabia todos os detalhes do protocolo da Irlanda do Norte". 

Este capítulo do acordo de saída do Reino Unido da UE veio a tornar-se num ponto de tensão entre Londres e Bruxelas. 

"O facto de termos negociado duas opções diferentes com dois primeiros-ministros diferentes mostra o nível de flexibilidade que a UE mostrou com o mesmo objetivo de proteger o mercado único e proteger o acordo de paz" para a Irlanda do Norte, argumentou. 

Stefaan De Rynck, assessor do negociador-chefe da UE, Michel Barnier,  participou no debate para divulgar o livro que escreveu sobre as negociações intitulado "Inside the Deal. How the EU got Brexit done" (Dentro do Acordo. Como a UE conseguiu concretizar o Brexit"). 

Na véspera, Barnier também esteve na capital britânica para promover o seu próprio livro sobre os quatro anos em que liderou as negociações, "Uma Ilusão Gloriosa", com base num diário que manteve entre 2016 e 2020.   

Na terça-feira completaram-se três anos desde que o Reino Unido saiu formalmente da UE, em 31 de janeiro de 2020.