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As 2 Europas

Antes estavam em lados opostos, agora estão do mesmo. Mas com nuances.

Com a implosão da União Soviética os territórios entretanto tornados independentes viraram-se para o Ocidente. Politicamente, como opção de vida e por segurança. Os pedidos de adesão à União Europeia e à Nato sucederam-se.

As razões são óbvias e foram-se tornando mais claras com o passar dos anos após Gorbachov. O saudosismo do Kremlin pelo império soviético tornou-se notório. Mais precavidos ficaram os que dantes o integravam e já não admitem voltar para trás.

Formam uma segunda Europa, a Leste, com outras preocupações, sobretudo a nível da segurança e da defesa. Os respectivos orçamentos mostram esse cuidado e marcam a diferença em relação às nações mais ocidentais, dantes menos atentas aos avisos sobre a perigosidade e propensão expansionista da Rússia.

Daí a aproximação clara aos Estados Unidos. O facto de Biden ter visitado Kiev e logo depois Varsóvia é prova disso. Na primeira, mostrou apoio e solidariedade e, na segunda, reuniu com os “9 de Bucareste”, estados da Europa de Leste, que apresentam pertinentes preocupações com a deriva imperial russa, garantindo-lhes a intocabilidade das suas fronteiras.

Vencendo na Ucrânia o invasor e ocupante prosseguirá noutros sentidos particularmente no dos países que já pertenceram à ex-URSS. A começar pela Moldova uma vez que os seus dirigentes mostram vontade política de se chegar ao Ocidente.

Só os EUA e a Nato lhes poderão valer. Esta nova realidade está aí. Temos duas Europas com interesses comuns mas prioridades diferentes. É um novo desafio para as diversas instituições europeias e para o mundo ocidental.