Tocha beneditina chega a Lisboa com mensagem de paz e pela Europa
A tocha "Pro Pace et Europa Una" chega a Lisboa na quinta-feira para transmitir aos participantes da Jornada Mundial da Juventude uma mensagem de paz e esperança quando a guerra voltou ao coração da Europa.
"Nunca nos cansaremos de pregar a paz, como fez São Bento, especialmente neste período, neste tempo em que a guerra voltou a aparecer no próprio coração da Europa", disse à Lusa Luigi Maria Di Bussolo, monge da Abadia de Montecassino, de onde parte a tocha.
Símbolo do padroeiro da Europa, São Bento de Núrsia, a tocha, cujo nome em latim significa Pela Paz e Europa Unida, foi doada em 1964, pelo Papa Paulo VI à abadia beneditina de Montecassino, por ocasião da sua reconstrução após os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial.
Desde então, já foi acesa em diferentes capitais europeias, bem como nas três cidades beneditinas mais importantes de Itália: Núrsia, Subiaco e Montecassino.
"Este ano também escolhemos Lisboa, para ir ao encontro da Jornada Mundial da Juventude, porque queremos levar aos jovens uma mensagem de esperança", disse Luigi Maria Di Bussolo.
O monge disse acreditar que, "assim como São Bento mudou o destino da Europa com os seus ensinamentos", os jovens de hoje, com seu exemplo, "podem ser portadores de paz, de esperança de um novo humanismo".
"Especialmente nestes dias em que, um ano depois do início da guerra, nos perguntamos se não estamos a perder a humanidade", disse o religioso à Lusa.
Na mensagem de paz que será lida quando a tocha estiver em Portugal lê-se: "Desejamos sinceramente, em nome do jovem São Bento, que enquanto o mundo olha para a Europa, a Europa olhe para o seu padroeiro, para que a luz que o inspirou ilumine todo o continente e se irradie por todos os cidadãos europeus, difundindo uma mensagem que promova o acolhimento e rompa as distâncias, fortaleça os laços de fraternidade e nos eduque para construir a paz".
Luigi Maria Di Bussolo lembra que a palavra paz é primordial em todas as abadias beneditinas.
A mensagem que será enviada de Portugal para o resto da Europa será também uma mensagem política dirigida a russos e ucranianos.
"De Portugal vai surgir o pedido de todos para que os homens voltem a falar uns com os outros, a sentarem-se (...). A mensagem forte que endereçamos aos russos e aos ucranianos será que não só tentem encontrar a paz, mas também falem de reconstrução", disse à Lusa Nicola Alemanno, presidente da Câmara de Núrsia.
Os organizadores também refletem sobre a importância de levar adiante uma mensagem sobre a unidade da Europa.
Segundo Nicola Alemanno, "as razões de natureza política e económica não são suficientes" para manter os povos da Europa unidos porque "mudam ao longo dos séculos".
"A obra dos monges beneditinos, por outro lado, tem constituído historicamente uma daquelas referências em torno das quais os povos da Europa se têm reconhecido todos juntos sob uma única bandeira", disse Alemanno, sublinhando que os jovens de hoje têm um conceito muito mais próximo de uma Europa unida do que no passado.
"Os nossos jovens viajam, fazem Erasmus, e acreditam profundamente nos valores de uma Europa unida, certamente não temos de lhes explicar o quão importante é", adiantou Alemanno.
A Tocha "Pro Pace et Europa Una" foi acesa em Núrsia em 25 de fevereiro e estará em Portugal a partir de 02 de março, com visitas e liturgias previstas em Fátima (4 de março), Lisboa (5 de março) e na Abadia beneditina de Singeverga (6 de março).
Lisboa foi a cidade escolhida pelo papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, que vai decorrer entre os dias 01 e 06 de agosto deste ano.
As JMJ nasceram por iniciativa do papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
A edição deste ano, que será encerrada pelo papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.