Os contribuintes aguentam?
O Estado são os contribuintes que todos os dias contribuem para que as funções essenciais que asseguram as necessidades básicas dos Portugueses sejam satisfeitas no seu quotidiano como a educação, a saúde, a habitação, a justiça. Neste contexto a bolha mediática que entra pelas nossas casas ou através da comunicação social ou das redes sociais pouco se importa com quem paga tudo o que envolve o Estado. No orçamento do País de 2022 as despesas de Pessoal que trabalha para o Estado representava 48% das receitas arrecadadas (24.074 versus 49.227 milhões €) numa despesa total do Estado 106.575 milhões € (22,5%). Neste momento verificamos uma contestação social, particularmente nos trabalhadores que estão empregados no sector Público (saúde, educação, justiça, empresas públicas…) cuja justeza das suas reivindicações não questiono. No entanto olhando para endividamento privado e público verificamos que o País funciona porque os credores continuam a nos emprestar (só este ano Portugal com o aumento da taxa de juro irá pagar mais 1,2 mil milhões de euros em encargos financeiros). No dia que os credores deslocalizarem os seus investimentos para outras paragens teremos novamente a troika em Portugal (infelizmente não comungo do optimismo de alguns políticos). Neste contexto é com alguma perplexidade que vejo o Presidente da República, o Governo, os Partidos em Portugal que continuam a vender às pessoas ilusões que é possível aumentar os ordenados, mais do que a inflação, quando a criação de riqueza não sobe (taxas de crescimento do PIB baixas), quando a distribuição da riqueza é desigual (é estrutural e não se resolve tirando aos ricos para dar aos pobres). A alternativa para aumentar os ordenados na função pública será aumentar os impostos fundamentalmente das classes médias cujo peso é cada vez menor na estrutura da receita. Neste contexto pergunto será que os contribuintes aguentam?
Emanuel Brás