BE diz que país que sai à rua "não quer uma política de pequenos apoios"
A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu hoje que os portugueses não querem "uma política de pequenos apoios", mas a atualização de salários e pensões, o controlo de preços e "uma política de habitação concreta".
"Ouvi ontem o senhor Presidente da República dar nota de que o Governo, com a atual situação difícil de vida, devia ponderar novos apoios sociais", afirmou a líder do BE, defendendo que "o país que sai à rua e que se mobiliza não quer uma política de pequenos apoios, reivindica habitação, reivindica salários, reivindica políticas económicas de equilíbrio face a uma especulação que torna os preços incomportáveis e a salários e pensões congelados e que estão a criar uma dificuldade objetiva enorme na vida das pessoas".
Para Catarina Martins, "não é com pequenos apoios que se pode conseguir uma resposta para o país, ela exige uma outra política que passará necessariamente por salários dignos, por pensões dignas, pela atualização de salários e de pensões, pelo controlo de preços e fixação de margens", criticando que "há fenómenos especulativos que permitem lucros milionários da grande distribuição".
"E é preciso uma política de habitação que seja concreta e não seja apenas pôr em debate um 'powerpoint' que ninguém percebe sequer o que quer dizer", defendeu.
No sábado, o Presidente da República considerou que, se a situação económica der "sinais que não são tão positivos quanto se esperaria", o Governo pode ter de ponderar "ajudas sociais complementares" nos próximos meses.
"Eu acho é que se esta evolução lá fora for aquela que pode, por ventura, suceder contra as previsões, que eram otimistas, e se persistir aquilo que são estes sinais que não são tão positivos quanto se esperaria, pode obrigar o Governo a ter de proceder a uma reponderação de ajudas sociais complementares, se for necessário dentro de um mês, dois meses, três meses", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Nesta conferência de imprensa, Catarina Martins foi questionada também sobre o ministro da Educação ter dito, em entrevista à rádio TSF e ao jornal JN, que estão a ser feitos estudos e contas para avaliar em que termos o tempo de serviço congelado aos professores pode ser recuperado, para que possam ser apresentadas propostas.
A coordenadora do BE -- que vai deixar a liderança do partido na próxima convenção, no final de maio -- criticou que "o Governo sempre que não quer resolver um problema diz que é muito caro e é impossível", mas há uma "elite de privilégio" para a qual "há sempre dinheiro".
"Os números que o Governo vai avançando nos vários momentos nem nunca sequer são explicados, e continua a atirar números para cima da mesa sobre o que significaria para o país respeitar a contagem integral do tempo de serviço que nenhum de nós sabe como é que esses números apareceram, que cálculos é que foram feitos", acrescentou.
Catarina Martins argumentou também que "o tempo de serviço é contado integralmente na Madeira e nos Açores".
A bloquista criticou ainda o argumento de que "não pode abrir o precedente para os professores" porque "criaria uma situação de desigualdade em relação a outras carreiras no Estado", e defendeu que "aos professores, ao contrário, por exemplo, dos polícias, ninguém paga despesas de deslocação ou aos professores, ao contrário dos médicos, por exemplo, não há incentivos para irem para zonas carenciadas".
"Não vale a pena dizermos que há uma mesma regra para todas as carreiras quando serve para o Governo poupar dinheiro", salientou a líder do BE, referindo que o "Governo tem de deixar de ser intransigente e negociar seriamente".