Empresário denuncia que “as pessoas não querem trabalhar” por que “há muitos rendimentos mínimos”
Albuquerque rejeita que os apoios sociais sejam geradores de “inactividade ou preguiça”
Os apoios sociais, nomeadamente o rendimento mínimo, pode estar a contribuir para o desinteresse de muitos desempregados em aceitar ofertas de emprego. Esta é pelo menos a conclusão de Bruno Abreu, empresário no sector do vidro, que é também da opinião que “a mão-de-obra está escassa para a quantidade de obras que há”.
Foi durante a visita do presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e na presença deste, que o responsável pela empresa Funchal Vidro Meelite Start Lda., localizada na Fundoa, Funchal, queixou-se da “taxa muito grande de IRC”, mas também da falta de “bons mestres, de pessoas com vontade de trabalhar”, denuncia. “Muitas não querem trabalhar”, sustenta, para concluir que este constrangimento é sobretudo alimentado pela existência de “muitos rendimentos mínimos”, afirmou.
Na empresa que lidera há ano e meio, conta com 14 funcionários e assegura que paga salários “acima da tabela” e acrescidos de “bónus de produtividade”. Ordenados que “estão sempre a aumentar”, sendo que na actualidade a média das remunerações situa-se “entre 800 a 900 euros, mais algumas horas”, reforça. Segundo Bruno Abreu, a sua empresa paga “mais um bocadinho” comparativamente à concorrência do sector vidreiro.
Ainda sobre o desemprego faz notar que as pessoas “queixam-se, mas não querem fazer horas. É o grande problema da sociedade”, concretizou.
Sem queixas dos “apoios” do Governo Regional, que garante “têm chegado”, Bruno Abreu confirma que o preço do vidro praticamente duplicou neste último ano, não apenas por causa do preço da energia, mas também por entender que houve “muita especulação no mercado”, ao ponto do vidro ter registado acréscimo “talvez de 100 %”, apontou. Diz que agora “a tendência vai ser baixar”.
Apesar de reconhecer que a falta de mão-de-obra é “problema que é transversal”, o presidente do Governo Regional valoriza sobretudo o crescimento da economia e a baixa taxa de desemprego, ao lembrar que os 6 % é “das mais baixas taxas em 14 anos”.
Com o mercado funcionar e com a Formação Profissional a fazer o seu trabalho, revelou que as carências na hotelaria serão minimizadas com a “importação de mão-de-obra”.
De resto, diz ter dúvidas quanto à estimativa que a Região tenha 8 mil jovens que não estudam nem trabalham. “Não sei se isso é assim. Tenho dúvidas sobre isso”, respondeu.
De resto, discorda de quem associa o desemprego aos apoios sociais.
“Os apoios sociais normalmente são dados a famílias com grande vulnerabilidade”, ao mesmo tempo que garante que há “controlo transversal desses apoios”. Dito isto, concluiu que “os apoios sociais são para aquelas pessoas que precisam mesmo e não para gerar inactividade ou preguiça”, concretizou.
No último ano a empresa Funchal Vidro Meelite Start Lda. registou “volume de negócios 1,2 milhões euros”. Albuquerque antevê “condições para crescer no mercado”.