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Pobre e indiferente não!

No fim de Fevereiro terá lugar o Congresso Regional do PCP Madeira. Documentos discutidos em todos os organismos, força, determinação e unidade na acção são necessários.

Precisamos de criar partido. Precisamos de alargar a área de influência. É necessário contar com os amigos do espaço CDU. Contar com a participação activa dos quadros técnicos, de professores, de gente generosa que poderá elevar a afluência eleitoral, de modo a podermos defender melhor os cidadãos e combater a política de empobrecimento da população.

O ex-Presidente Mugica do Uruguai, afirmava que « o pior inimigo de um pobre é outro pobre que se acha rico e que defende aqueles que os fazem pobres ».

A pobreza herda-se. Muitos trabalhadores são pobres apesar de terem trabalho e salário ao fim do mês. O mês é demasiado grande para um salário pequeno.

Hoje a pobreza atinge a chamada classe média, tal o valor da inflação superior a 8%, ao valor das rendas de habitação, da prestação ao banco. Hoje existe pobreza envergonhada e a corrupção engordando.

A Justiça é uma desgraça, diz-se mesmo que ela vai pescando uns peixinhos, mas o peixe graúdo continua gordinho porque a Justiça não tem anzóis para o peixe grande.

Porque política sem ideologia é mentira, porque indiferença é cobardia, atrevo-me a citar Cunhal na sua Conferência em 1993. Relativamente ao socialismo na URSS, o que fracassou foi o “modelo” de sociedade que se afastou do ideal.

Mais afirmou que não foram só “erros humanos”, também uma concepção, uma prática política e em exercício do poder que se afastou do ideal.

Foi a questão central do poder e do seu exercício, substituindo o poder dos trabalhadores, o poder popular, pelo poder fortemente centralizado cada vez mais distante das aspirações, participação e vontade do Povo. Cunhal combatia a cristalização e dogmatização da discussão política.

O intelectual italiano Gramsci escrevia em Fevereiro de 1917: «Odeio os indiferentes, viver significa tomar partido, não podem existir apenas homens, estranhos à cidade».

Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário, indiferença é abulia, parasitismo e covardia, não é vida.

Vivo, sou militante, por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.