Putin acusa Ocidente de "querer acabar" com a Rússia para sempre
O Presidente russo, Vladimir Putin, acusou hoje o Ocidente de querer impor à Rússia uma "derrota estratégica" na Ucrânia e acabar com o país "de uma vez por todas".
"As elites do Ocidente não escondem o seu objetivo: infligir uma derrota estratégica à Rússia, ou seja, acabar connosco de uma vez por todas", afirmou, num discurso sobre o Estado da Nação às duas câmaras do Parlamento, três dias antes do primeiro aniversário da ofensiva à Ucrânia.
"A responsabilidade pelo fomento do conflito ucraniano e das suas vítimas (...) recai totalmente sobre as elites ocidentais", disse o Presidente russo, repetindo a sua tese segundo a qual o Ocidente apoia as forças neonazis na Ucrânia para consolidar uma luta anti-Estado russo.
Antes disso, Putin disse que continuava determinado, um ano após o início da ofensiva na Ucrânia, a continuar, enquanto o seu exército luta há meses no campo de batalha, apesar da mobilização de centenas de milhares de reservistas.
"Para garantir a segurança do nosso país, para eliminar as ameaças de um regime neonazi existente na Ucrânia desde o golpe de 2014, foi decidido realizar uma operação militar especial. E vamos resolver passo a passo, com cuidado e metodicamente, os objetivos que surgem à nossa frente", sublinhou.
Diante da elite política do país e dos militares que lutaram na Ucrânia, Putin também agradeceu "a todo o povo russo pela sua coragem e determinação".
Referindo-se às sanções internacionais que atingem a Rússia, Putin considerou que o Ocidente "não conseguiu nada e não conseguirá nada", enquanto a economia russa tem resistido melhor do que o previsto pelos especialistas.
"Garantimos a estabilidade da situação económica, protegemos os cidadãos", observou, acreditando que o Ocidente não conseguiu "desestabilizar a sociedade" russa.
Vladimir Putin, acusou também o Ocidente de fazer da pedofilia "a norma".
"Vejam o que eles estão a fazer com o seu próprio povo: a destruição de famílias, identidades culturais e nacionais, perversão e abuso infantil, até pedofilia, são declarados a norma (...). E os padres são obrigados a abençoar os casamentos entre homossexuais", disse.
O discurso, primeiro sobre o Estado da Nação feito por Putin em quase dois anos, acontece três dias antes de ser assinalado o primeiro aniversário da ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro de 2022.
O Kremlin não permitiu que meios de comunicação social de países considerados como "inimigos" obtivessem acreditação para fazer a cobertura mediática do discurso.
O dia escolhido para o discurso coincide com a data em que Vladimir Putin assinou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Lugansk e de Donetsk, na região do Donbass (leste ucraniano).
Nesse mesmo dia, 21 de fevereiro de 2022, Putin ordenou a mobilização do Exército russo para "manutenção da paz" nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, um prelúdio para o início da ofensiva militar contra a Ucrânia que aconteceria poucos dias depois.