Ministro dá como certa adopção do 10.º pacote de sanções à Rússia ainda esta semana
O ministro dos Negócios Estrangeiros disse hoje que há um "acordo político" entre os parceiros europeus em torno do décimo pacote de sanções à Rússia, subsistindo apenas "aspetos técnicos", e considerou uma "certeza" a sua adoção ainda esta semana.
"Há um acordo político e podem ter a certeza que esta semana haverá o décimo pacote de sanções" da União Europeia (UE) contra a Rússia, a tempo de assinalar o primeiro aniversário da invasão à Ucrânia, a 24 de fevereiro (próxima sexta-feira), disse João Gomes Cravinho à saída de uma reunião dos chefes de diplomacia dos 27 do bloco comunitário, que hoje decorreu em Bruxelas.
"Há aspetos técnicos que ainda precisam de ser trabalhados", referiu, precisando que "os serviços estão a trabalhar nos detalhes técnicos".
O ministro adiantou que, além de alargar a mais de uma centena de indivíduos ou entidades as medidas restritivas, "o pacote vai incluir também a proibição de exportações, provavelmente no valor de cerca de 11 mil milhões de euros, de peças ou equipamentos que indiretamente contribuem para o esforço militar russo".
João Gomes Cravinho salientou também como um "elemento importante" o facto de, pela primeira vez, serem incluídas nas sanções "sete entidades iranianas relacionadas com o fabrico de 'drones' [aeronaves não tripuladas] que depois são enviados para a Rússia".
Já quanto à inclusão da indústria nuclear russa nas sanções, tal como reclama o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o ministro disse que "neste momento, o nuclear não está incluído, mas é um tema que está em aberto para o futuro".
"O enfoque não está no nuclear, mas naturalmente que no futuro o nuclear terá de ser contemplado", declarou.
Na semana passada, a Comissão Europeia apresentou a sua proposta para o décimo pacote de sanções à Rússia, com o objetivo assumido de o mesmo ser adotado a tempo de assinalar o primeiro aniversário do início da invasão da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.
A proposta abrange tecnologias críticas para a máquina de guerra russa, num montante total estimado em mais de 11 mil milhões de euros, e visa também a "máquina propagandista" do Kremlin (Presidência russa).
O pacote contempla designadamente bens industriais de que a Rússia necessita, como equipamentos eletrónicos, veículos especializados, peças de máquinas e motores, peças sobressalentes para camiões e motores a jato.
Por outro lado, a lista de indivíduos e entidades alvo de medidas restritivas deverá ser alargada, pela primeira vez, a entidades iranianas, incluindo aquelas ligadas à Guarda Revolucionária do Irão, por Teerão estar a fornecer à Rússia 'drones' que têm sido utilizados para atacar infraestruturas civis na Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).