Espanha vai pôr transição energética mais rápida nas prioridades da presidência europeia
Espanha vai definir a transição energética como prioridade da presidência do Conselho da União Europeia (UE), que assume no segundo semestre deste ano, afirmou hoje o primeiro-ministro espanhol, que considerou que a guerra na Ucrânia deve acelerar esse processo.
O líder do Governo espanhol, Pedro Sánchez, defendeu que é um "tremendo erro" afirmar que a crise energética atual, desencadeada pela guerra na Ucrânia, iniciada há um ano, é motivo para adiar ou abrandar a transição para uma economia menos poluente, apostando em fontes de energia renováveis e limpas.
Para Sánchez, é precisamente o oposto e a situação de "emergência" criada pela guerra, que sublinhou a dependência europeia em relação ao gás russo, deve fazer a Europa "avançar com mais determinação do que nunca" na transição energética e a UE deve "aproveitar a conjuntura tão complexa atual", do ponto de vista geopolítico, para "ir mais depressa e mais longe" nesta matéria.
Espanha vai "impulsionar esta visão" e definir "a transição energética como uma autêntica prioridade na agenda da presidência espanhola" do Conselho da UE, afirmou o líder o Governo espanhol, numa intervenção na abertura de uma conferência sobre energia renovável, em Madrid.
Sánchez considerou que a guerra na Ucrânia mostrou como as renováveis são "um fator de estabilidade mundial" e as energias de origem fóssil são, precisamente, "fator de instabilidade" no mundo.
Segundo afirmou, oito em cada dez pessoas no planeta vivem em países que são importadores líquidos de energia e o avanço nas renováveis são sinónimo de uma "nova ordem mundial mais justa", em que se "evitam cenários de chantagem energética", como a que a Rússia fez à Europa no último ano, com a ameaça de corte de abastecimento de gás.
Sánchez acrescentou estar em causa a "autonomia estratégica da Europa", de que se tem falado nos últimos anos, por causa da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia, e que está relacionada, por exemplo, com a reindustrialização da UE e a geração de energia no continente, para diminuir a dependência, em diversas áreas de abastecimento, de países como a China ou a Rússia.
Na semana passada, o Governo espanhol já tinha anunciado que Pedro Sánchez vai visitar 15 países europeus até julho, para preparar a presidência europeia, afirmando que entre as prioridades do semestre estará a "autonomia estratégica" da Europa.
Nas deslocações que fará, Sánchez vai apresentar aos homólogos as prioridades da presidência espanhola do Conselho da UE e pretende ouvir aquilo que defendem os outros Governos sobre alguns dossiês da agenda europeia, como as negociações para um pacto de migração e asilo ou o fortalecimento da "autonomia estratégica" da União.
Em relação a este último tema, Espanha tem como objetivo dar um impulso ao debate e esse será um dos temas centrais de uma cimeira dos líderes dos 27 que terá lugar na cidade de Granada, em 06 de outubro.
Na véspera dessa cimeira, no dia 05 de outubro, também em Granada, haverá um encontro dos líderes da UE com países europeus que não fazem parte da União.
Na intervenção que fez hoje em Madrid, Sánchez sublinhou a aposta de Espanha nas renováveis, sendo o país, atualmente, o segundo da UE e o oitavo no mundo com maior potência instalada.
Espanha é também o destino de 20% dos projetos conhecidos em todo o mundo relacionados com o designado "hidrogénio verde", gás produzido a partir de energias renováveis como a eólica ou a solar.