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Lagarde diz que subida de juros de Março não é "compromisso irrevogável"

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse hoje que a intenção de subir novamente as taxas de juro em 50 pontos base em março "não é um compromisso irrevogável" e sugere que haverá mais subidas depois.

O BCE decidiu hoje subir as suas taxas de juro diretoras em 50 pontos base, colocando a taxa de juro das principais operações de refinanciamento em 3%.

Esta foi a quinta subida consecutiva e o banco central indicou que tenciona aprovar um novo aumento de 50 pontos base na sua reunião de março.

Em conferência de imprensa realizada após a reunião, a presidente da instituição, Christine Lagarde, referiu que a decisão do Conselho do BCE sobre o aumento de hoje e a intenção em relação à de março tiveram "um amplo consenso".

Lagarde insistiu que são necessários aumentos mais significativos das taxas de juro para que a inflação regresse à meta de 2% fixada pelo BCE.

Questionada sobre se depois de março estará concluído o ciclo de subidas, Lagarde disse que não.

Apesar de a decisão não ser irrevogável, "os cenários atuais" relativos à inflação, sugerem que ainda não chegou o tempo de abrandar o ciclo de subidas, apontou.

"Sabemos que temos caminho a percorrer, sabemos que não acabou", reafirmou, sobre a trajetória destinada a fazer baixar a inflação para a meta de 2%.

Desde o início da guerra na Ucrânia, há quase um ano, o BCE tem sido confrontado com uma subida de preços generalizada, o que o levou a começar em julho passado a aumentar as taxas de juro.

Enquanto nos Estados Unidos a inflação atingiu o pico em junho de 2022, na zona euro, o aumento dos preços atingiu o nível máximo só em outubro, 10,6%.

Em janeiro, a inflação recuou pelo terceiro mês consecutivo, ficando em 8,5%, mais do que era esperado pelos economistas, o que se deve essencialmente à diminuição dos preços da energia.

Mas a melhoria é relativa, dado que a inflação subjacente, que exclui os preços da energia e dos alimentos, se mantém em 5,2%, o que leva a entidade liderada por Lagarde a considerar que ainda é cedo para moderar o ajustamento monetário.

A economia da zona euro mostrou-se "mais resiliente" do que o previsto a enfrentar a crise energética e a guerra na Ucrânia, afirmou Lagarde, depois de ter sido registado um ligeiro crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,1% no quarto trimestre de 2022, devendo escapar a uma recessão.

Após a divulgação das decisões do BCE, o euro seguia em baixa face ao dólar, negociando a 1,0939 dólares.