A "grande ameaça no espaço" vem da China, diz general norte-americano
O general Bradley Chance Saltzman alertou que o espaço foi "fundamentalmente transformado" nos últimos anos numa "corrida armamentista exponencial", indicando a China como a "maior ameaça" a ser combatida, à frente da Rússia.
"Vemos toda uma série de armas a serem produzidas pelos nossos adversários estratégicos", disse o general, citado pela agência de notícias AFP, à margem de uma Conferência sobre Segurança em Munique, Alemanha, que juntou chefes da diplomacia norte-americana e chinesa.
Segundo o chefe das operações espaciais da Força Aérea norte-americana, a maior ameaça é China, mas também a Rússia.
"O espaço, como domínio disputado, mudou fundamentalmente. A forma como operamos no espaço tem de evoluir, principalmente devido à gama de armas que a China e a Rússia tentaram usar e por vezes utilizaram", observou o general, referindo-se às armas de energia dirigida, mísseis anti-satélite e outras interceções orbitais.
Em seu entender, tal facto não é nenhuma surpresa tendo em conta as atividades militares espaciais das grandes potências.
Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, comunicou ao responsável pela diplomacia chinesa Wang Yi que o balão chinês, que sobrevoou o território dos EUA durante vários dias antes de ser abatido, foi um "ato irresponsável que nunca mais deve voltar a acontecer".
Na mesma conferência, Wang denunciou e criticou o "uso excessivo da força" por Washington.
A corrida ao armamento espacial não é recente. Já em 1985, o Pentágono utilizou um míssil para destruir um satélite durante um teste. Desde então, os seus rivais mostraram que têm as mesmas capacidades. A China fê-lo em 2007, a Índia em 2019.
No final de 2021, a Rússia pulverizou um dos seus próprios satélites com um míssil lançado da Terra. Uma demonstração de força descrita na altura como um "ato irresponsável" pelo chefe da NATO, Jens Stoltenberg.
Na realidade, os satélites potencialmente armados com bombas e as naves espaciais a laser já não são apenas ficção científica.
"Os nossos adversários estão a tirar partido do espaço para nos atingir e alargar o alcance das suas armas", advertiu o general Saltzman.
Os países mostram-se cada vez mais reservados sobre as suas atividades militares no espaço, mas a corrida é tal que em 2019, ano em que o Pentágono lançou a sua Força Espacial, um alto funcionário dos EUA estimou que a Rússia e a China tinham o potencial de ultrapassar os EUA.
O general Saltzman refuta a ideia de que Washington está agora atrasado. Porém, a batalha espacial evoluiu do sistema de destruir os satélites com mísseis para outras formas de os danificar com armas laser de grande potência.