Urgências de um Governo sem Norte
O boicote à abertura, durante 24 horas, dos serviços de urgência no Porto Moniz e em Santana representa o paradigma do modelo de desenvolvimento à moda do PSD/CDS.
O Governo Regional, que não cumpriu quase metade das promessas inscritas no seu programa, continua sem apresentar políticas integradas e estruturantes para, por um lado, enfrentar as vulnerabilidades e, por outro, desenvolver as potencialidades dos concelhos do Norte.
A inclusão destas zonas nos territórios de baixa densidade, por proposta de alteração ao Orçamento de Estado apresentada e aprovada pelo PS, foi uma iniciativa importante e com benefícios locais, contudo, não é suficiente nem poderá ficar presa apenas à redução fiscal. Deverá ser complementada com outros incentivos à criação de emprego, apoios ao tecido empresarial e aos diversos setores produtivos tradicionais, apostando também na área da formação e na atração de quadros qualificados.
Sim, os senhores do Governo servem-se das belezas paisagísticas naturais do Porto Moniz e de Santana para encher discursos de circunstância e criar catálogos promocionais, todavia, esquecem-se das vidas concretas, abandonam as populações que residem nestes territórios, assumindo, sem qualquer vergonha, que investir na sua qualidade de vida, bem-estar e em serviços de saúde permanentes é um custo que não vale a pena. Curiosamente, são estes mesmos senhores que defendem que vale a pena gastar milhões de euros em tachos e em obras inventadas e megalómanas. Para estes senhores, valem mais as clientelas partidárias do que as vidas das pessoas do Norte!
As populações exigem o direito a um serviço de urgências, não “por uma questão de conforto psicológico”, como afirmou o presidente do Governo, mas sim como forma de garantir a sua segurança a toda a hora.
O PSD e o CDS mentiram às populações. O PS apresentou, na ALRAM, uma proposta, aprovada por unanimidade, para que as urgências no Porto Moniz e em Santana reabrissem durante 24 horas. O PSD e o CDS, de forma demagógica, defenderam e concordaram com a iniciativa, tendo inclusive, em plenas eleições autárquicas, divulgado o cumprimento dessa promessa. Os deputados do poder mentiram e agora escondem-se. A decisão está tomada, as urgências não vão reabrir como foi prometido e aprovado por unanimidade na ALRAM, anunciou a presidente do SESARAM e confirmaram o secretário da Saúde e o presidente do Governo.
A birra de manter encerradas as urgências em Santana e no Porto Moniz, no turno da noite, viola os direitos fundamentais das populações e contraria as orientações europeias que defendem a implementação de políticas locais integradas, com visão de futuro, que ajudem a responder ao desafio demográfico. A garantia do acesso rápido e eficiente aos cuidados de saúde constitui uma medida essencial, não apenas ao nível da segurança das populações, mas também no sentido estratégico da atratividade, sustentabilidade e coesão do território.