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O defeito que é também um desejo: juventude

Em função dos resultados eleitorais imediatos de Janeiro de 2022, a população jovem da Madeira perdeu a sua representatividade na casa da democracia portuguesa. O PS decidiu afastar os jovens da Madeira dos grandes centros de decisão: o afastamento do deputado da JS da lista candidata não significou apenas a retirada de um nome jovem do parlamento nacional; significou, também, a secundarização dos problemas da juventude. A secundarização dos problemas da juventude num país cujas instituições vivem um grande descrédito e cujo regime democrático apresenta um dos mais altos níveis de degradação desde que há memória.

A aposta do PSD, por seu turno, recaiu numa lista maioritariamente jovem, mas que, pela “ditadura” do método de Hondt e consequente conversão em mandatos, ficou a escassas centenas de votos de eleger um representante. Pelas circunstâncias que todos conhecemos, a oportunidade voltou a estar em cima da mesa. Cabe agora à maioria estrutura política jovem da Madeira dizer presente.

Presente que se faz todos os dias, sem descriminações partidárias ou persecutórias, a olhar para o futuro e a capitalizar o maior investimento em democracia: a formação humana. Foi nesse sentido que a primeira iniciativa da JSD na Assembleia da República recaiu sobre o “Programa Regressar”. O alargamento do programa às regiões autónomas da Madeira e dos Açores, acabando com a discriminação geográfica existente, de cariz puramente partidário, e a todos aqueles que saíram do país depois de 2015, na sua maioria jovens qualificados para fugir à estagnação do salário médio em Portugal e à consequente falta de atratividade das carreias profissionais, é de elementar unidade nacional e essencial para demonstrar que estamos abertos a recuperar o capital humano perdido.

O mesmo capital que demorou anos a formar e cujo acesso ao ensino superior, por via do contingente das regiões autónomas, foi ameaçado pelo Ministério do Ensino Superior. A atitude da Ministra e do seu Secretário de Estado com a tutela - cuja ação da JSD Madeira foi fundamental para o seu recuo – primeiro na denúncia, e, depois, na liderança da discussão e mediatização do tema – seja o exemplo prático de que dos direitos adquiridos pela Madeira na República não serão garantidos se não houver uma luta constante pela Autonomia.