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"Não há números que indiquem" que imigração aumente desemprego

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FOTO MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O comissário Europeu Nicolas Schmit defendeu hoje que não há números que indiquem que a imigração provoque o aumento do desemprego, remetendo para a falta de mão-de-obra em certos setores.

"Será que a imigração tem levado a um aumento do desemprego na UE? Não creio, não há números que indiquem isso. O que temos na Europa, agora, incluindo em muitos setores em Portugal, é o problema de falta de mão-de-obra em áreas em que pessoas já não querem trabalhar", afirmou o responsável pela pasta do emprego e dos direitos sociais em resposta ao deputado do Chega Bruno Nunes.

Schmit falou à Comissão de Assuntos Europeus na Assembleia da República, onde sublinhou que há um "desespero para encontrar trabalhadores para certos setores".

Nesse sentido, vê uma política legal de imigração com bons olhos.

"Ter uma política legal de imigração, dando oportunidade a pessoas provenientes de países terceiros para trabalharem, penso que é a única forma de compensar a nossa escassez de mão-de-obra nesses setores", defendeu.

Schmit colocou o seu metafórico "chapéu luxemburguês" e remeteu para o caso no seu país.

"No Luxemburgo temos portugueses a voltarem para o seu país, e nós não gostamos disso, porque também temos falta de mão-de-obra, e é mais difícil para o Luxemburgo atrair portugueses", afirmou.

O comissário insistiu na importância de trabalhos decentes, "cada vez mais fundamentais" para as sociedades e para os jovens.

"Atravessámos uma pandemia e vimos que o valor do trabalho é fundamental, mas não é qualquer trabalho: são empregos de qualidade, trabalho de qualidade e decente. As condições de trabalho são fundamentais para o mundo do trabalho", apontou, alertando: "Se não criarmos o quadro correto, não vai acabar em trabalho decente, mas em trabalho precário".

De igual forma, referiu que bons empregos são essenciais para o combate à pobreza.

"O combate à pobreza é feito através de bons empregos e do investimento nas competências e em melhores salários", disse.

Num cenário de crise da habitação, Nicolas Schmit criticou que seja "mais interessante" colocar um apartamento num registo de alojamento temporário do que num arrendamento a famílias, tendo pedido legislação.

"Existem outros fenómenos que tornam mais interessante colocar um apartamento num Airbnb do que arrendar a uma família, e isso não é aceitável. Se o mercado da habitação está dominado por isso, tem de haver legislação", insistiu o luxemburguês.

Ao mesmo tempo, defendeu que a Comissão Europeia está a trabalhar em conjunto com os Estados-membros para arranjar soluções para os problemas com pessoas em condição de sem-abrigo.

"A comissão não pode resolver sozinha o problema dos sem-abrigo. Há muitos agentes envolvidos, mas agradeço à presidência portuguesa por ter apoiado a criação de uma plataforma para combater a falta de habitação. É um problema em muitos Estados-membros, e a Europa pode, através de investimento, apoiar as diferentes políticas nos Estados-membros", sublinhou.