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"Não exportem guerras para o nosso país"

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A Líbia necessita de um programa de recuperação económica para sair do caos político vigente e, por isso, "não deseja" que países terceiros "exportem guerras" para o país, disse à agência Lusa o ministro do Interior líbio.

Numa entrevista à agência Lusa em Lisboa, à margem da conferência ministerial União Europeia (UE) com os países do Médio Oriente e Norte de África (MENA), Emad Altrablssi comentava as consequências da invasão russa da Ucrânia num país que está mergulhado numa crise política e militar desde a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011.

"As guerras só trazem destruição às populações. A Líbia tem uma localização geográfica estratégica e o seu povo é simpático e acolhedor, aberto ao mundo. Queremos estabilizar a Líbia, recuperar a nossa economia para, depois, podermos, tal como fizemos no passado, ajudar a pôr cobro às guerras no mundo", sublinhou.

"Temos uma grande produção de gás e de petróleo e, há poucas semanas, assinamos um acordo com a [petrolífera italiana] ENI. Esperamos assinar mais um outro grande acordo com a [francesa] Total e ainda com outras companhias. Estes recursos vão ajudar à recuperação económica do país, bem como ajudar os nossos parceiros para evitar muitos problemas como os que aconteceram entre Ucrânia e Rússia", acrescentou Altrablssi.

Para o ministro do Interior líbio, assim que recuperada, a Líbia poderá desempenhar um "papel positivo no mundo", sobretudo no que diz respeito ao fornecimento de gás e petróleo, com o intuito de mitigar a atual crise energética.

"Esperamos que não criemos problemas para outros países e não queremos que nenhum país exporte os seus problemas para a Líbia. Esperemos que a Líbia possa ser um grande membro na construção de um mundo melhor", declarou Altrablssi.

A Líbia está num impasse político desde que o Governo de Unidade Nacional (GUN), liderado por Abdelhamid Dbaibah, suspendeu as eleições de 24 de dezembro de 2021 e, posteriormente, o Parlamento líbio nomeou um Executivo paralelo ao de Tripoli, em Bengazi, no leste, considerando que o governo de transição expirou.

Desde então, o Parlamento, controlado pelo marechal Khalifa Haftar, e o Conselho Superior de Estado, com sede na capital e uma espécie de Senado criado em 2015 durante o fracassado processo de reconciliação e que mantém laços estreitos com Turquia e Rússia, países que mais influências têm no conflito líbio, não conseguiram chegar a um acordo constitucional para definir um processo eleitoral.

O Conselho Presidencial da Líbia, órgão de transição com funções de chefe de Estado tem feito esforços para que, em breve, seja convocada uma reunião entre os dois poderes para completar os princípios constitucionais que permitirão a realização de eleições, ainda sem data marcada.