Menos de 10% das empresas portuguesas têm objectivos ambientais alinhados com meta de 1,5ºC
Menos de 10% (6%) das empresas portuguesas têm planos ambientais alinhados com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, definida no Acordo de Paris, em 2015, disse hoje o CDP -- Disclosure Insight Action.
"As empresas portuguesas têm um desempenho ligeiramente melhor que a média europeia, com 6% das empresas consideradas 'avançadas' [objetivos alinhados com 1,5ºC] e mais 49% em 'desenvolvimento'", concluiu um relatório da organização sem fins lucrativos reconhecida por gerir o maior e mais completo sistema global independente de divulgação de informação ambiental para empresas, regiões, cidades e Estados.
Já a nível europeu, "menos de 5% das empresas (56) têm simultaneamente um objetivo de redução de emissões alinhado com 1,5°C e reportam em relação à maioria (dois terços) dos indicadores-chave que mostram um plano de transição credível", observou o CDP.
Os dados mostraram também que há mais 30 a 45% das empresas consideradas "em desenvolvimento", o que significa que têm objetivos de emissões menos ambiciosos (alinhados a 2°C) em vigor e reportam em pelo menos metade dos indicadores.
Segundo o CDP, "a maioria das empresas mostrou progressos 'limitados'".
Embora nove em cada 10 tenham iniciativas para reduzir as emissões, o relatório também encontrou "claras lacunas de ação" nas medidas necessárias para a transição alinhada com a trajetória de 1,5°C.
"Por exemplo, apenas 26% avaliam até que ponto as despesas ou receitas se alinham com as metas de 1,5°C, e menos de 40% estão a levantar preocupações climáticas nos contactos com os fornecedores", apontou.
Como resultado, o relatório estima que até 40% de toda a dívida empresarial pendente das empresas analisadas (1,8 biliões de euros) financia, atualmente, aquelas que não têm objetivos claros ou provas do desenvolvimento de planos de transição credíveis.
"O acesso ao financiamento pode tornar-se mais desafiante à medida que os bancos procuram atingir objetivos líquidos zero através da descarbonização dos seus livros de empréstimos", destacou o CDP, acrescentando que "oito em cada 10 instituições financeiras que divulgam ao CDP já estão a avaliar o alinhamento dos seus clientes empresariais a 1,5°C, em pelo menos alguns setores-chave".
Para o diretor executivo do CDP, Maxfield Weiss, "todas as empresas que têm impacto no ambiente precisam não só de objetivos claros, mas também de planos claros para a sua concretização e provas de que o estão a fazer".
"À medida que aumentam as expectativas de que as empresas incluam a natureza no seu planeamento de transição mais amplo, este relatório mostra que a maioria das empresas ainda precisa de acelerar, e mostrar aos investidores, financiadores e reguladores que estão prontos para agir", acrescentou.