O chumbo na opcional
Presidente do Governo não tem tido tempo para pensar seriamente no que diz na prova oral
Boa noite!
O dia resume-se a várias vaidades, mas também a uma frase que caiu que nem bomba, a um número eloquente e a um disparate de bradar aos céus.
A frase
Miguel Albuquerque não tem tido tempo para pensar no que diz, tal é a confiança com que enfrenta o próximo acto eleitoral, porventura com base em palpites que podem ser ilusórios. E por isso ora diz que não retoma urgências nocturnas no Porto Moniz e em Santana, contribuindo assim para o reforço do êxodo rural, como declara o óbvio sobre os crimes hediondos no seio da Igreja, ignorando que também houve cumplicidades do poder nesta matéria. Só que hoje lançou nova polémica, porventura sem base científica- algo que o ‘fact check’ do DIÁRIO tirará a limpo, ao referir que os jovens qualificados na Madeira só "estão desempregados por opção", o que na prática significa também gozar com quem não trabalha numa terra que não tem oportunidades para todos. E sei do que falo e tenho provas que há madeirenses que felizmente estão empregados porque tiveram que ficar longe da família e assim seguirem o seu sonho.
Como quem diz o que quer, ouve o que não quer, retenho o comentário educado de Elda Batista publicado na plataforma digital do DIÁRIO: “Com certeza que o Sr. Presidente não está a par do mercado de trabalho nem das ofertas na Região. Sou licenciada desde 2014 e tive a necessidade de sair da Região devido à falta de oportunidades. Os meus colegas de curso, estão todos a desempenhar funções na área da restauração ou lojas de roupa, e, muitos deles seguiram para mestrado e ainda hoje continuam à espera de uma oportunidade de emprego na sua área ou similar… eu inclusive continuo à espreita nos sites de emprego para regressar à Região e as ofertas que encontro são todas para hotelaria. Essa afirmação é uma ofensa a todos os que se sacrificaram a trabalhar e estudar como foi o meu caso, para conseguir terminar uma licenciatura e no final não ter uma oportunidade na Região e ter que engolir que é porque “não se quer”! Mais palavras para quê?
Um número
O DIÁRIO desta quarta-feira revela a existência de 30 processos-crime por maus-tratos a animais. Um indicador a juntar a tantos outros que revela, à vez, uma dificuldade acrescida na relação humana, com os outros seres vivos, com o meio envolvente e com o futuro. Será mesmo só desleixo e falta de respeito pontual por distracção ou algo mais estrutural que falha no povo dito superior, educação que se ganha desde o berço?
O disparate
Numa altura em que a Igreja é chamada a cuidar da terra queimada, a ter bom senso e a resolver os graves problemas que criou, o Bispo do Funchal resolve falar da vida eterna, do céu, do inferno e do purgatório numas alegadas ‘catequeses quaresmais’ a levar a efeito na Sé do Funchal. O disparate é de tal ordem que o padre José Luís Rodrigues colocou já uma questão em tom crítico, mas justo: “Que sentido de oportunidade têm estes temas no contexto de abusos sexuais hediondos em que vivemos?”.
A hierarquia ainda não tomou consciência que entre as tarefas que lhe cabe desenvolver com urgência, se é que quer redimir-se das patifarias que fomentou e encobriu, não há espaço para a alienação?