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Costa reitera que UE não deve frustar expectativas de alargamento

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O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje que a pior coisa que pode acontecer depois de conquistada a paz na Ucrânia é haver "uma frustração" das expectativas criadas àquele povo sobre a entrada na União Europeia (UE).

"A pior coisa que pode acontecer é, conquistada a paz, restabelecida a soberania em todo o território da Ucrânia, haver uma frustração das expectativas que agora foram criadas. E, portanto, a União Europeia tem que levar mesmo a sério as expectativas que criou", defendeu António Costa, no Porto.

À margem de uma aula que deu na Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto, intitulada "Novos desafios e constantes da geopolítica portuguesa", o primeiro-ministro acrescentou que "levar mesmo a sério as expectativas" criadas à Ucrânia significa que os países têm de cumprir um "conjunto de critérios de Copenhaga", bem como haver uma verificação "isenta, independente, objetiva e imparcial por parte da Comissão Europeia".

Por outro lado, há também uma "reflexão que tem de ser feita", alertou o primeiro-ministro, observando que é preciso saber quais são os "requisitos que a própria União Europeia tem que ter para poder acolher devidamente os novos países que convidou a ingressar".

"Neste momento, acho que faz pouco sentido se deve ou não deve atribuir o estatuto de candidato. Aquilo que é preciso ter ciente é o seguinte: as expectativas que a União Europeia criou ao povo ucraniano, e que criou aos vários povos dos Balcãs ocidentais, são expectativas de uma enorme seriedade e a maior tragédia que a prazo poderia acontecer à União Europeia era a frustração destas expectativas", reiterou, recordando as "frustrações" da Turquia, país em que as negociações estão abertas com a UE desde 1960.

Para o chefe do Governo, esta guerra na Ucrânia colocou, inevitavelmente, à Europa "um desafio" e que tem a ver com a questão do "alargamento da União Europeia".

A guerra na Ucrânia -- que começou a 24 de fevereiro de 2022 -, alterou "profundamente as condições geopolíticas na Europa" e colocou profundos desafios à União Europeia e "desafios muito interessantes para Portugal, que é uma maneira de dizer, desafios muito difíceis para Portugal e esses desafios resultam de vários fatores".

Segundo Costa, a saída do Reino Unido da UE faz com que cada vez haja "menos países Atlânticos no seio da União Europeia" e quanto mais a atenção se concentra a Leste, mais a atenção da União Europeia se desloca desta periferia Atlântica para o extremo Leste, explicou.

O primeiro-ministro defende a necessidade de uma reflexão urgente sobre a entrada de novos Estados-Membros

"A União Europeia não pode adiar a reflexão para receber o alargamento para 36 Estados. Como vai ser no futuro. (...) Como é que orçamentamos a solidariedade a 36", são algumas da questões que o chefe do Governo deixou a uma plateia composta por cerca de 300 estudantes do ensino superior.

A ligação de comboio de alta velocidade Lisboa/Porto/Vigo, as energias renováveis, a aposta no hidrogénio verde, a globalização ou a autonomia estratégica da Europa para não ter de depender de terceiros, como sucedeu durante a pandemia, foram outros temas abordados durante a aula na Católica.