A Guerra Mundo

Rússia continua a forçar frente leste mas enfrenta grande resistência

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Foto EPA

As forças russas prosseguiram hoje com a ofensiva para romper as linhas defensivas ucranianas na frente oriental, mas continuam a deparar-se com forte resistência sem conseguir avanços significativos, segundo fontes pró-Moscovo e ocidentais citadas pela agência espanhola EFE.

"Há luta na parte sudeste de Vuhledar. A situação é muito difícil, a luta é feroz, mas vemos algum progresso", disse o líder interino da Rússia na região de Donetsk (no leste da Ucrânia), Denis Pushilin, à televisão pública russa.

Segundo Pushilin, os combates também estão a decorrer na parte ocidental de Mariinka e "existem possibilidades" de os russos ocuparem novas posições nessa parte da frente de Donetsk.

As cidades de Vuhledar e Mariinka estão localizadas a poucos quilómetros a sudoeste da cidade de Donetsk e têm sido palco de violentos confrontos armados há vários meses.

Pushilin também aludiu à situação da cidade de Bakhmut, cuja conquista é um dos principais objetivos dos russos, mas onde no momento, afirmou, "não há sinais que apontem para uma retirada do inimigo".

Bakhmut é um dos redutos das tropas ucranianas na região de Donetsk e é considerada a chave de acesso a Sloviansk e Kramatorsk, as maiores cidades da região de Donetsk controladas pelas forças de Kiev.

O líder da empresa militar privada do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou que a situação em Bakhmut é tal que "não se pode dizer que será capturada amanhã, porque há grande resistência", aludindo a um "triturador de carne".

"O inimigo está ativo em todas as direções, adicionando novas e novas reservas. Todos os dias, 300 a 500 novos combatentes chegam a Bakhmut de todas as direções. O fogo de artilharia aumenta a cada dia que passa", disse Prigozhin.

O líder do grupo de mercenários acrescentou que a norte da cidade estão a decorrer combates ferozes e que naquela zona não há condições para cercar o inimigo.

O porta-voz do grupo militar oriental das Forças Armadas de Kiev, Serhiy Cherevaty, também confirmou a intensidade dos combates perto de Bakhmut, afirmando que as posições ucranianas naquela área foram atacadas 243 vezes durante o dia pela artilharia russa.

No seu relatório diário, os serviços de informação militar britânicos observam que, nos últimos três dias, as forças do Grupo Wagner obtiveram pequenos ganhos nos subúrbios ao norte de Bakhmut, incluindo a cidade de Krasna Hora.

Ao mesmo tempo, destaca que as forças ucranianas mantêm a defesa na área e que o avanço russo para o sul da cidade progride pouco.

No norte, na região de Lugansk, no eixo Kremina-Svatove, as forças russas estão também na ofensiva, embora o relatório sublinhe que cada ataque local seja em escala muito pequena e sem progressos significativos.

"Em geral, o atual cenário operacional sugere que as forças russas estão a receber ordens para avançar na maioria dos setores, mas não têm poder de combate ofensivo suficiente em nenhum eixo para obter um efeito decisivo", resumiu o texto.

Com a proximidade do primeiro aniversário do início da invasão russa da Ucrânia, no próximo dia 24 de fevereiro, multiplicam-se as notícias da imprensa de que o exército russo poderá lançar uma nova grande ofensiva, semelhante ao início da campanha.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.