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Presidente sírio aceita abrir dois novos corredores humanitários

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Foto EPA

O Presidente sírio concordou em abrir dois novos postos fronteiriços entre a Turquia e o nordeste da Síria, durante três meses, para a entrega de ajuda humanitária às vítimas dos devastadores sismos, adiantou hoje o secretário-geral da ONU.

"Saúdo a decisão de hoje do Presidente sírio Bashar al-Assad de abrir as duas travessias de Bab Al-Salam e Al Ra'ee entre a Turquia e o noroeste da Síria, por um período inicial de três meses", revelou António Guterres, em comunicado.

Na Síria, as consequências dos terremotos somam-se à situação humanitária que grande parte da sua população já vivia como resultado da guerra civil.

Bashar al-Assad anunciou a decisão ao subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, com quem se encontrou no início do dia em Damasco.

A abertura dos dois novos pontos de passagem "vai permitir entrar mais ajuda, mais rápido", regozijou-se António Guterres, citado pela agência France-Presse (AFP).

O diplomata português realçou ainda que o número de vítimas do terremoto "continua a aumentar", sublinhando que "é de extrema urgência" fornecer "alimentos, saúde, nutrição, proteção, abrigo, suprimentos de inverno e outros suprimentos para salvar vidas a todos os milhões de pessoas afetadas".

Os Estados Unidos consideram que o anúncio de Damasco é "algo bom" se o Presidente Al-Bashar estiver "comprometido" quanto à sua aplicação.

"Se o regime levar isso a sério, se o regime estiver disposto a seguir o que diz, então será bom para o povo sírio", sublinhou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em reação à decisão.

Durante a reunião com o coordenador de ajuda de emergência da ONU, o Presidente sírio pediu hoje ajuda internacional para reconstruir as regiões destruídas no país pelo sismo.

Damasco está isolada no cenário diplomático desde o início da guerra desencadeada pela violenta repressão de uma revolta popular contra o poder em 2011.

Esse isolamento afeta os esforços internacionais para ajudar as vítimas dos sismos.

Apesar das sanções ao regime, partes da Síria sob controlo do governo estão a receber ajuda internacional através de agências da ONU, muitas das quais com postos avançados em Damasco.

Mas, enquanto permanecem sob o controle de grupos rebeldes várias áreas do país, onde quase 12 anos de guerra destruíram o sistema de saúde, a ajuda tem demorado a chegar ao terreno.

Antes do sismo, quase toda a ajuda humanitária para os mais de quatro milhões de pessoas que vivem em áreas controladas por grupos rebeldes no noroeste da Síria chegava da Turquia através da passagem de Bab al-Hawa.

Em Alepo, Griffiths disse à imprensa que a ONU estava a tentar reunir fundos para organizações que ajudam as vítimas na Síria.

"Os apelos que serão lançados nos próximos dias - um para a Síria, outro para a Turquia - cobrirão as necessidades humanitárias por cerca de três meses", estimou.

Os sismos que devastaram há uma semana o sul da Turquia e o noroeste da Síria causaram pelo menos 40.943 mortes, segundo o mais recente balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS) hoje divulgado.

Os dados avançados pelo diretor do Departamento Regional de Emergências da OMS, Rick Brennan, indicam que os terramotos de magnitude, primeiro, de 7,8, e, depois, de 7,5, na escala aberta de Richter, provocaram 31.643 mortos na Turquia e cerca de 9.300 na Síria.