2ª opinião
Um médico amigo confidenciou-me não ter concordado comigo quando escrevi sobre a falta de clínicos como ele. Admiti que tivesse razão. Os argumentos eram convincentes.
E fui procurar os números. Constatei uma verdade indiscutível, Portugal é o 3º país da Europa com mais profissionais a exercer medicina por 100 mil habitantes. Concluindo, quem me interpelou tinha razão e cá estou para dar a mão à palmatória. Afinal a 2ª opinião pede-se a um médico.
Mas então o porquê de a toda a hora, em notícias sucessivas, só ouvir gente a reclamar que há falta deles nos hospitais e sobretudo nas urgências, estando algumas a ser encerradas gerando insatisfação generalizada?
Diz o meu interlocutor que essa realidade só acontece na esfera pública. E é aí que os protestos acontecem. Porque o Estado não proporciona condições para que esses profissionais se predisponham a exercer funções no SNS, enfatizou.
Rematando, sob o ponto de vista geral não há falta de médicos. Mas há no sector público. Que não compete com o privado. O impasse está aí e não se compadece com o direito dos cidadãos em ter um serviço de saúde apto a servi-los. Fica óbvio que urge vontade política para dialogar e consensualizar. E, sendo também verdade a dificuldade de um estudante cursar medicina, baixem a nota de admissão e deixem os pequenos se formar. Com mais médicos haverá mais gente para canalizar para a área carente.
Com estas verdades “batidas em castelo” à volta de uma mesa, se o “complicómetro” ficar à porta, não será difícil encontrar um caminho que resulte bem para os interessados e sobretudo para o país. Sem ser preciso fazer um desenho.