A Guerra Mundo

Silvio Berlusconi diz ter uma visão "muito negativa" de Zelensky

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O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi declarou que tem uma visão muito negativa do Presidente ucraniano e que não se teria encontrado com Volodymyr Zelensky se fosse chefe de Governo, divulgou hoje a agência de notícias ANSA.

Berlusconi afirmou, no domingo, que nunca se teria encontrado com Zelensky como líder italiano, como fez a primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, à margem da cimeira da União Europeia (UE) em Bruxelas, na quinta-feira.

"Eu não me teria encontrado com Zelensky se fosse o primeiro-ministro, porque estamos a testemunhar a devastação do seu país e o massacre dos seus soldados e de civis", referiu Berlusconi, após votar nas eleições regionais na Lombardia.

"Teria bastado parar de atacar as duas Repúblicas Autónomas do Donbass e isso [a devastação do país e as mortes] não teria ocorrido, por isso, julgo muito, muito negativamente a conduta desse senhor [Zelensky]", sublinhou o antigo primeiro-ministro italiano.

A declaração do bilionário dos meios de comunicação italianos gerou apelos generalizados para que Giorgia Meloni, que defendeu firmemente a Ucrânia antes e depois de se tornar primeira-ministra italiana em 25 de setembro, se mantenha distante da posição de Berlusconi, que é seu aliado político.

O conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podolyak, disse ao jornal La Repubblica que o ex-primeiro-ministro italiano, de 86 anos - amigo íntimo do Presidente russo, Vladimir Putin, há muitos anos -, é um agitador pró-Putin e que estava a prejudicar a Itália.

"Berlusconi é um agitador 'VIP' que está a agir no interesse da propaganda russa. Está a trocar a reputação da Itália pela sua amizade com Putin", afirmou Podolyak.

"As suas palavras são prejudiciais para a Itália", acrescentou o conselheiro de Zelensky.

O assessor de Zelensky acrescentou: "Deveria tirar a máscara e dizer publicamente que é a favor do genocídio do povo ucraniano".

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko, declarou hoje na rede social Facebook que "as acusações sem sentido de Berlusconi contra Zelensky são uma tentativa de beijar as mãos de Putin, ensanguentadas até os cotovelos".

Nikolenko disse que foi "uma tentativa de mostrar a sua lealdade ao ditador russo".

O presidente do partido de centro-direita Força Italia (FI) de Berlusconi, o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros de Itália, Antonio Tajani, disse que a posição do Governo italiano ainda é a mesma, em apoiar plenamente Kiev, e Berlusconi era um homem de paz.

"A posição do Governo continua a mesma. Berlusconi é um homem de paz, certamente não abandonou as suas posições em apoio à Ucrânia, à NATO e ao Ocidente. Sempre votamos da mesma forma e continuaremos a votar assim", declarou Trajani.