O relatório elaborado por uma comissão independente sobre abusos sexuais no seio da Igreja Católica dá conta de seis casos na Madeira. De acordo com a Diocese do Funchal, quatro dizem respeito a abusos perpetrados por membros do clero e outros dois por leigos, mas em contexto religioso.

Um dos mais recentes casos diz respeito a um catequista, de uma igreja do Funchal. O caso encontra-se, neste momento, a ser investigado pelo Ministério Público, estando a ser acompanhado atentamente pela diocese.

Contactado pelo DIÁRIO, o padre Marcos Gonçalves explicou que o relatório em questão é bastante extenso, pelo que ainda não existiu oportunidade para ler detalhadamente todos os seus componentes. De qualquer forma, em relação aos casos de abusos reportados, é possível avançar que alguns dizem respeito a 'processos' já conhecidos como é o caso do padre Frederico e do padre Anastácio Alves.

"Cheguei no Tribunal já condenado"

No programa da RTP1, 'Depois do Crime', o Padre Frederico garantiu a inocência e diz que se não fosse padre, não teria sido julgado".

O responsável pelo gabinete de comunicação da Diocese do Funchal indica ainda que há alguns casos em que não é possível chegar-se ao autor dos abusos, uma vez que não se conhece o nome. Todavia, todos os casos "são entendidos com seriedade" e é nessa perspectiva que a Diocese liderada por D. Nuno Brás está a agir.

De acordo com a mesma fonte, actualmente existem dois casos, referentes à Madeira, que se encontram a ser investigados pelo Ministério Público. O caso do catequista, anteriormente referido, e também o do padre Anastácio Alves, que se encontrará em parte incerta.

MP acciona cooperação internacional para localizar ex-padre madeirense acusado de abuso sexual de menor

O Ministério Público (MP) accionou a cooperação judiciária internacional para localizar o ex-sacerdote madeirense Anastácio Alves, que está acusado de cinco crimes de abuso sexual de menor e se encontra em parte incerta, indicou hoje a instituição.

A comissão independente criada para estudar estes casos apresentou, hoje, o relatório final que foi entregue à Conferência Episcopal.

Relatório conta com 512 testemunhos

No relatório sumário que já foi divulgado, é possível perceber que a maior percentagem de crianças foi abusada entre os 10 e os 14 anos de idade, sendo a média de 11,2 anos. É entre o início da década de 1960 e 1990 que existiu o maior número de abusos.

Quanto ao local geográfico onde ocorreu o primeiro episódio de abuso, encontra- -se uma significativa dispersão por 129 dos 308 concelhos do País. Os distritos com maior número de ocorrências, em ordem decrescente, são: Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Aveiro. No entanto, este documento não especifica o número de casos em cada um dos distritos.

No perfil da pessoa abusadora, existem destaques: em 96,9% dos testemunhos é do género masculino, em 77% dos testemunhos é referida com o estatuto de «Padre» e em 46,7% das situações aquela já era anteriormente conhecida da vítima.