À grande e à Francesa
“À grande e à Francesa” ou “tudo à fartazana”, são termos popularizados que significam abundância, luxo, ostentação da riqueza e por aí fora. Ambos se aplicam e bem, a Portugal e aos Portugueses. Os exemplos são como “mato”. Demonstramos riqueza que não temos na realidade, mas que se disfarça na aparência. Um País onde as características originais são normalmente modificadas por outras práticas que se aliam à corrupção, favorecimento, amiguismo, parcialidade e a mais comum, ligada à tal aparência mentirosa que se chama, fachada. O mais recente exemplo é a construção do altar Papal para as Jornadas Mundiais de Juventude, junto ao rio Trancão, em Lisboa, que poderá custar até 6 milhões de euros. Uma infraestrutura que me parece demasiada cara, grande e feia para o tamanho da Nação, e que após a realização do evento, não deverá servir para nada e terá como fim a sua demolição. Um outro altar, não sei para que fins, mas também incluído nas Jornadas, este já anunciado como provisório, está a ser projetado para o parque Eduardo VII, orçado em 4 milhões de euros. Fala-se que o custo total da obra poderá rondar 40 milhões de euros. Sobre toda esta megalomania, ouvi um responsável da Igreja Católica em Portugal, afirmar que “repetir erros é burrice” e por isso que “não havia volta a dar”, demonstrando um orgulho desregrado sobre as obras em causa. Juro que não percebi o alcance das afirmações tendo em conta, na minha opinião, o passado de erros na construção de templos católicos. E, para não ir muito longe, basta olhar para algumas Igrejas construídas nos últimos tempos na Madeira, sem qualquer inspiração na arquitetura do cristianismo primitivo. Representam verdadeiros mamarrachos, sem qualquer estética exterior e sem funcionalidade no interior. É só compará-las com as Igrejas e capelas antigas para se notar logo a diferença e o estilo. Mas, pelos vistos, como diz o outro, não há mesmo “volta a dar”. Num País de casos e casinhos, quase paralisado por greves, com um elevado índice de pobreza, com um crescente número de sem abrigo, com uma enorme falta de habitação, com trabalhos precários, onde quem ganha um salário bruto de dois mil euros é considerado rico, alinhar nesta soberba da Igreja Católica não me parece bem nem correto. Haveria, com certeza absoluta, outras alternativas bem mais baratas e bonitas. Claro que toda esta ostentação arrasta mais ostentação e nestas coisas o “chico-espertismo” não dorme. É vê-los a pedir balúrdios nos hotéis ou para alugar um quarto, um apartamento e até tendas nos quintais, para quem quiser estar em Lisboa por altura das jornadas, no início de agosto. Uma “roubalheira” descarada, sem fiscalização e com a “normal” fuga aos impostos? A tal economia “paralela” que tanto se fala e que já representa 30%. Como católico, alegra-me apenas esse fato importante que é a realização no nosso País, das Jornadas Mundiais da Juventude e por isso, termino citando palavras Bíblicas de Isaías…”A arrogância dos homens será abatida e o seu orgulho humilhado. Somente o Senhor será exaltado naquele dia”.