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Conferência Episcopal recebeu relatório final sobre abusos sexuais na Igreja

Em Outubro, tinham sido registados 424 testemunhos validados, compreendendo casos de abusos ocorridos desde 1950 e vítimas entre os 15 e os 88 anos

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A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recebeu hoje o relatório final da comissão independente que, no último ano, investigou os abusos sexuais de crianças na Igreja Católica em Portugal.

"A entrega decorreu, esta tarde, nas instalações da Conferência Episcopal Portuguesa e contou com a presença de toda a equipa de trabalho da comissão independente", confirmou em comunicado a CEP, uma estrutura que congrega o conjunto dos bispos das dioceses de Portugal.

Segundo avançou, o documento final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa foi entregue à presidência da CEP, composta pelo presidente, D. José Ornelas, pelo vice-presidente, D. Virgílio Antunes, e pelo secretário, padre Manuel Barbosa. 

Depois da sua entrega à CEP, o relatório final da comissão, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht e que começou a recolher testemunhos em 11 de janeiro do ano passado, será apresentado na segunda-feira de manhã em Lisboa.

Para 03 de março foi já convocada uma assembleia plenária extraordinária da Conferência Episcopal para analisar o documento.

Sem querer adiantar números finais até à apresentação do relatório final, a comissão divulgou no seu anterior balanço público, em outubro, que já tinha registado 424 testemunhos validados, compreendendo casos de abusos ocorridos desde 1950 e vítimas entre os 15 e os 88 anos.

Os membros da comissão esclareceram logo à partida que não estava em causa uma investigação criminal, mas referiram que as denúncias de crimes que não tivessem prescrito seriam encaminhadas para a Justiça, o que veio a confirmar-se com o envio, até junho, de 17 denúncias para o Ministério Público.

No entanto, em outubro foi assumido pela Procuradoria-Geral da República que dos 10 inquéritos instaurados, mais de metade (seis) já tinha sido arquivada.

Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países.