China diz que recusou telefonema dos EUA porque "atmosfera não era adequada"
O ministério da Defesa chinês disse hoje que recusou um telefonema do secretário da Defesa norte-americano, após os Estados Unidos terem abatido um balão chinês alegadamente usado para espionagem, porque Washington "não criou a atmosfera adequada" para o diálogo.
A ação dos EUA "violou gravemente as normas internacionais e estabeleceu um mau precedente", disse o porta-voz do ministério, Tan Kefei, em comunicado.
"Visto que esta abordagem irresponsável e gravemente errada dos EUA não criou a atmosfera adequada para o diálogo e para as trocas entre os dois exércitos, a China não aceitou a proposta dos EUA de realizar um telefonema entre os dois ministros da Defesa", frisou Tan.
A China "reserva-se ao direito de usar os meios necessários para lidar com situações semelhantes", acrescentou.
Pequim insiste que o objeto era um balão meteorológico, que se desviou do curso, mas não disse a qual entidade pertencia, nem avançou mais detalhes.
Depois de, inicialmente, expressar "arrependimento" pelo incidente, a retórica da China endureceu nos últimos dias, à medida que o FBI recolhe os destroços do balão, na costa do estado da Carolina do Sul, e os envia para o laboratório da polícia federal em Quantico, no estado de Virgínia, para investigação.
De acordo com Pequim, os EUA "exageraram" ao abater o balão. O ministério dos Negócios Estrangeiros chinês rotulou a ação como "irresponsável" e disse que as alegações dos EUA fazem parte de uma "guerra de informação contra a China".
O secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, tentou, no sábado, discutir a questão do balão com o seu homólogo chinês, Wei Fenghe, mas foi recusado, disse o Pentágono.
Após o incidente, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, cancelou uma viagem planeada a Pequim, que visava estabilizar as relações bilaterais, que se deterioraram nos últimos anos, face a uma guerra comercial e tecnológica, e diferendos em questões de direitos humanos, soberania do mar do Sul da China ou o estatuto de Taiwan.
Os EUA contradizem categoricamente a versão dos eventos da China, apontando que as imagens do balão recolhidas por aviões norte-americanos U-2 mostraram que o balão estava equipado com meios para "conduzir à recolha de sinais de inteligência", incluindo múltiplas antenas e outros equipamentos, projetados para obter informações confidenciais.
Os EUA dizem que o balão faz parte de um enorme programa de vigilância aérea militar que visa mais de 40 países, sob a direção do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China.