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Reino Unido enfrenta hoje maior greve em anos e espera-se impacto nas escolas e transportes

Foto EPA/ANDY RAIN
Foto EPA/ANDY RAIN

Cerca de meio milhão de trabalhadores deverão hoje participar na maior greve no Reino Unido em mais de uma década, incluindo professores, trabalhadores dos transportes e guardas de fronteiras, para reivindicar melhores salários. 

Antevê-se o encerramento ou o cancelamento de aulas em universidades, escolas primárias e secundárias. É espetável, no entanto, que vários estabelecimentos estejam abertos para alguns alunos, sobretudo aqueles vão fazer exames do ensino secundário.

Para o National Education Union (NEU), o principal sindicato dos professores, este é o primeiro de sete dias de greves convocados, afetando cerca de 23.000 escolas a nível nacional em Inglaterra e País de Gales, enquanto nos restantes dias as paralisações estarão concentradas em determinadas regiões. 

O NEU rejeitou o aumento de 5% oferecido pelo executivo britânico, exigindo um valor acima da taxa de inflação, que desacelerou em dezembro para 10,5%, mas que continua num dos níveis mais altos em 40 anos. 

Cerca de 100.000 funcionários públicos dos Ministérios da Saúde, Ambiente e Economia também deverão aderir à jornada de protesto.

A paralisação também deverá ser sentida no setor dos transportes, nomeadamente comboios e autocarros, que iniciaram as ações de contestação laboral no ano passado e que vão continuar na quinta e sexta-feira, e em vários setores da função pública. 

O Governo britânico já alertou os passageiros para tempos de espera mais longos no controlo dos passaportes nos aeroportos e nos portos marítimos, apesar de ter mobilizado militares, outros funcionários públicos e voluntários para minimizar os potenciais atrasos.

Na próxima semana estão previstas mais greves dos enfermeiros, tripulantes de ambulâncias, enquanto os bombeiros estão para decidir sobre as datas das primeiras greves da profissão em 20 anos.

Na terça-feira, o primeiro-ministro britânico, o conservador Rishi Sunak, reiterou que aumentos nos salários da função pública resultaria numa subida dos impostos, o que quer evitar tendo em conta a crise do aumento do custo de vida.

"Nada me daria mais prazer do que brandir uma varinha mágica", afirmou Rishi Sunak aos jornalistas numa visita a um hospital, argumentando que há "muitas coisas para ter em conta e não é um trabalho fácil".

Entretanto, na terça-feira, o Partido Conservador aprovou na generalidade legislação que visa restringir a contestação laboral em alguns serviços considerados essenciais, como ambulâncias, bombeiros e comboios, exigindo a introdução de serviços mínimos. 

O nível de serviços mínimos será determinado pelo Governo e se os sindicatos não cumprirem podem ser processados e penalizados e os trabalhadores despedidos. 

A legislação ainda não será aplicada para reduzir o impacto das próximas greves, ainda precisa de passar pela Câmara dos Lordes, a câmara alta do parlamento britânico, o que deverá prolongar-se por vários meses.

Os sindicatos contestam esta legislação, que apelidaram de "anti-greves", e o Partido Trabalhista, atualmente a principal força da oposição, prometeu revogar a lei se chegar ao poder.

Apesar da disrupção nos serviços públicos e na economia, os grevistas e as jornadas de paralisação em diversos setores de atividade continuam a beneficiar de um grande apoio por parte da população, de acordo com várias sondagens.

Uma sondagem publicada pela empresa Public First apontou que 59% dos inquiridos apoiam as greves dos enfermeiros, dos professores (43%), dos correios (41%) e dos ferroviários (36%).

A estação de televisão britânica Sky News também avançou com um estudo em que 37% dos inquiridos manifestam apoio aos sindicatos, contra 35% em novembro, enquanto 28% são desfavoráveis, menos do que os 34% de há dois meses.