O termo é associado ao feriado, bem como aos eventos desportivos e ao consumo. É uma tradição ligada ao Reino Unido e outros territórios da Commonwealth, um legado de várias gerações.

Enquanto a maioria dos campeonatos europeus estão interrompidos, o Reino Unido acumula jogos e destaca-se pelos espetáculos entusiasmantes e estádios cheios de famílias para assistir ao futebol, e viabiliza que o desporto abarque as celebrações de Natal. Inclusive, o críquete, o rugby e as corridas de cavalos são eventos de vitrine disputados durante o período festivo. Tendo como exemplo, numa ótica distinta, a NBA e a NFL não têm uma história específica do Boxing Day. Há como tradição suceder jogos no dia de Natal. São dias para as famílias se reunirem, irem aos jogos, apoiarem as suas equipas e revigorarem a época festiva.

Em Portugal, atualmente, são realizados jogos das competições profissionais de futebol nos dias próximos às vésperas de Natal e Ano Novo, dias que surgem como alternativa ao calendário preenchido não pela celebração.

É um entendimento a explorar, pois é uma oportunidade sublime para incorporar-se nas origens da tradição, e as organizações desportivas associarem-se a ações de caridade e maximizarem o seu impacto positivo na comunidade local. São muitas as condicionantes para adotar o “modelo inglês”, porém, é possível adotar um próprio modelo, definir diretrizes e elaborar um calendário que minimizem as distâncias de deslocações para as equipas e adeptos. A título de exemplo, estabelecer um jogo fora e outro em casa com um período mínimo de 72 horas entre ambos. Cada jornada decorrer num dia (respeitando as condicionantes existentes no sorteio) com horários pertinentes, ajustar os preços dos bilhetes para atrair todas as faixas etárias e grupos sociais, promovendo a participação e coesão social, no decurso da quadra natalícia.

Desta forma, impõe-se considerar metodicamente componentes legais, culturais, sociais, desportivos, logísticos, entre muitos outros. A implementação requer a coordenação de diferentes partes interessadas: por exemplo, o diálogo entre a Liga Portugal, as Sociedades Desportivas e os Sindicatos (disposição dos clubes em participar, obter aprovação e cooperação); um calendário de jogos apropriado (considerar datas e horários); negociações com a estação televisiva que detém os direitos de transmissão das competições; considerar a legislação (influência dos contratos de trabalho individuais e coletivos, podem especificar direitos e deveres dos colaboradores em relação aos feriados); a avaliação do impacto e feedback da comunidade (perceber a repercussão e recetividade ou interesse na adoção), e outras ações mais.

O futebol está profundamente enraizado na cultura portuguesa. As opiniões variam e estão sujeitas à aceitação cultural, características específicas do país e preferências pessoais. O sucesso e a aceitação dependerão de adaptações convenientes ao contexto português e da recetividade da comunidade. Uma implementação bem-sucedida dos jogos de futebol profissional carece de uma coordenação eficaz, parcerias estratégicas e considerações cuidadosas, pois são muitos os desafios associados à realização de eventos desportivos nesta quadra. Lamentavelmente para os adeptos, não consta nas festividades típicas de Portugal.