A nadadora brasileira de águas abertas Mayra Santos assumiu-se hoje preparada para ser a primeira a cumprir, a volta à Ilha de Porto Santo, sem interrupções, num desafio marcado para sábado.

A viver na Madeira há 19 anos, Mayra Santos conseguiu dois recordes mundiais de natação estática, em 06 de novembro de 2020, ao nadar mais de 30 horas contra a corrente -- melhorou o recorde feminino, que era de 24 horas, e bateu o masculino, que era de 30.

No próximo sábado propõem-se a mais uma aventura e ser a primeira a volta à Ilha de Porto Santo a nado, sem interrupções, um feito apenas conseguido em canoas.

Para os 32 quilómetros, vai partir às 07:00, do Cais Velho da 'Ilha Dourada', com previsão de terminar em 12 horas.

A prova inicialmente prevista para sexta-feira teve de ser adiada em um dia devido às previsões climatéricas, situação que não incomodou a nadadora de 44 anos, que admitiu à agência Lusa que espera realizar este desafio já há dois anos, mas que foi atrasando "devido a burocracias".

"O objetivo é realizar uma travessia não assistida, sem qualquer equipamento que proteja a pele, vou utilizar o fato de banho normal e não posso tocar no barco, que apenas vai acompanhar o meu trajeto como apoio e por questões de segurança", frisou a agende imobiliária de profissão.

Segundo a brasileira, natural de Minas Gerais, a prova vai ser realizada como todos os desafios a que se propõem, sem interrupções, sem assistência, "cada vez mais exigente porque tem de seguir para a comunidade internacional", sendo a costa norte a sua maior preocupação devido à força das correntes, sendo uma zona que não conhece tão bem como na Madeira.

"Todos os canais internacionais de águas abertas vão acompanhar, por ser um percurso novo e um desfio desta grandeza, porque quando fazemos uma volta a uma ilha apanhamos todo o tipo de condições, não é a mesma coisa que fazer uma travessia", garantiu, explicando que o percurso pode ser acompanhado em direto na página do seu novo projeto SwimMadeira.

A volta à Ilha de Porto Santo vai ser realizada de 'olhos postos' no maior sonho da nadadora, "fazer a maior distância nadada em oceano", que até à data tem o registo masculino de 170 quilómetros e feminino de 124, "ambos realizados nas Bahamas, em água quente e sem grandes correntes".

Mayra Santos tem o sonho de realizar o maior desafio enquanto nadadora na Ilha da Madeira, mas admite que lhe têm sido colocados vários entraves e começa a duvidar se conseguirá ir em frente e cumprir a aventura na terra que a acolheu, sendo o percurso da volta à ilha de 144 quilómetros.

"A maior dificuldade que enfrento não são as correntes, nem a dificuldade de nadar, mas sim o oceano de burocracias que encontro em Portugal, mas principalmente na Madeira", sublinhou.

Garantindo ainda que, "sem o apoio, fica tudo muito mais complicado e o receio é que quem apoia não quer ficar associado caso alguma coisa corra mal, mas até numa travessia as coisas podem correr mal".

"Não vou desistir, porque queria, realmente, que a ilha estivesse associada a um recorde desta envergadura. Vou continuar a ter esperança que um dia vou 'abraçar' a Ilha da Madeira, como vou fazer com o Porto Santo", afirmou, enfatizando que trazer a distinção para a Madeira era muito bom e que vai lutar por isso.

Quanto ao desafio que vai realizar no sábado, admite que espera ter muita gente na chegada à semelhança da travessia que realizou entre Porto Santo e Madeira, onde mais de 100 pessoas marcaram presença, porque "depois de tantas horas com o rosto dentro de água, só quero sentir o calor humano".

Mayra Santos cumpriu em setembro de 2019 a travessia entre Porto Santo e Madeira, 42 quilómetros em 12:07 horas, em novembro de 2020 assegurou o recorde mundial de natação estática, um total de 30 horas, em junho do ano seguinte tornou-se na primeira mulher a descer o Rio Zêzere, 45 quilómetros em 15 horas, tendo, no ano transato, completado a dupla volta a Manhattan, nos Estados Unidos, uma distância de 100 quilómetros, em 20 horas, menos quatro do que o previsto.