Sete comissários do PAN demitem-se por temerem repetição do que ocorreu na Madeira
Sete comissários políticos nacionais e distritais do PAN anunciaram hoje a demissão por discordarem da atual estratégia política do partido em termos de alianças de âmbito governamental, exemplificando no que correu nas últimas eleições legislativas regionais na Madeira.
As demissões visam também protestar contra "a perseguição aos críticos e o abafamento da democracia interna" que atribuem à liderança de Inês de Sousa Real, segundo um comunicado que divulgaram.
Trata-se dos membros da Comissão Política Nacional Alexandra Miguel, Fernando Rodrigues e Maria João Sacadura e Serrano, dos comissários da Distrital de Setúbal Ana Mendes, Vítor Pinto e Ricardo Reis, e do comissário da Distrital de Lisboa Rui Prudêncio.
Os demissionários criticaram o que disseram ser intenção do PAN de replicar na Assembleia da República, nas eleições de 10 de março de 2024, o tipo de acordo parlamentar feito com o PSD-Madeira, de Miguel Albuquerque.
Consideraram o apoio na Madeira "um clamoroso engano aos eleitores" que confiaram numa expectativa de mudança protagonizada pelo partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
"Miguel Albuquerque representa tudo o que a política e a Madeira não necessitam: opacidade, engano, desrespeito pelos limites ecológicos e injustiça social", afirmaram.
Disseram também que "a direção nacional pretende replicar na Assembleia da República, seja com quem for, o mesmo tipo de vergonhoso acordo efetuado na Região Autónoma da Madeira".
Os demissionários teceram duras críticas a Inês Sousa Real, considerando que o PAN nunca será o partido ecologista de que Portugal precisa sob a sua liderança.
"Sousa Real tornou o PAN uma farsa, um caso de prostituição política, uma anedota nacional, um partido comprado pelos Miguéis Albuquerques do sistema, que já não incomoda nada nem ninguém... e quando deixa de incomodar de nada serve à política e à sociedade", afirmaram.
A Lusa contactou a líder do PAN, que remeteu para quinta-feira a verificação junto da mesa da Comissão Nacional de que as demissões anunciadas foram oficializadas ou não.
Inês Sousa Real comentou que no passado já houve casos de pessoas que começaram por se demitir de cargos para depois se desfiliarem do PAN e aderirem a outros partidos, "prejudicando o partido e as causas que representa".
"O meu grande compromisso é honrar a confiança dos mais de 72% de membros do congresso que elegeram esta direção, fazer avançar as causas do partido e as preocupações sobre as pessoas, os animais e a natureza, e no próximo dia 10 de marco recuperar o grupo parlamentar", acrescentou.