Oposição venezuelana pede solidariedade internacional perante novos mandados de detenção
A oposição venezuelana pediu hoje a solidariedade da Comunidade Internacional perante a emissão de novos mandados de detenção contra opositores do regime do Presidente Nicolás Maduro acusados de conspiração e traição à pátria.
"(...) Pedimos mais uma vez a solidariedade da comunidade internacional face a esta escalada de ataque do regime à liberdade dos nossos camaradas e à causa democrática", explica a Plataforma Unitária Democrática [PUD, aliança de partidos opositores] num comunicado divulgado em Caracas.
No documento, a PUD começa por condenar "esta nova investida judicial do regime contra um grupo de democratas venezuelanos contra quem estão a ser emitidos mandados de captura pelo crime de trabalhar para um câmbio na nossa Venezuela, assim como a detenção de um cidadão norte-americano".
"Estas cobardes medidas de perseguição procuram, equivocadamente, minar a firmeza e a unidade em que se encontram as forças democráticas junto da nossa candidata Maria Corina Machado na construção, para 2024, da vitória eleitoral mais contundente que o povo venezuelano já protagonizou", sublinha.
O Ministério Público (MP) da Venezuela emitiu hoje mandados de detenção contra 14 pessoas, quatro delas da equipa da opositora Maria Corina Machado, por alegados vínculos com uma conspiração nacional e internacional contra a o país.
O anúncio foi feito pelo Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, precisando que estes cidadãos estão estariam a conspirar contra o referendo consultivo de 3 de outubro último sobre o Essequibo, território em disputa com a vizinha Guiana.
Numa conferência de imprensa em Caracas, o Procurador-geral precisou que foram emitidos mandados de detenção contra Roberto Abdul, Henry Alviárez, Pedro Urruchurtu e Claudia Macero, que integram a equipa de Maria Corina Machado, vencedora das recentes eleições primárias da oposição.
Foram ainda emitidos mandados de captura contra os políticos opositores Jhon Goicochea, Juan Guaidó, Júlio Borges, David Smolanski, Carlos Vecchio e Leopoldo López, identificados como "operadores no estrangeiro".
Também contra o norte-americano Savoi Jandon Wright, o advogado e ativista venezuelano Lester Toledo, o ex-ministro do Turismo do chavismo Andrés Izarra e o ex-presidente da empresa estatal Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), Rafael Ramírez.
Estes cidadãos vão se imputados pelo MP de traição à pátria, conspiração, branqueamento de capitais e associação para cometer crimes.
Por outro lado, vários opositores usaram as redes sociais para questionar o anunciado, entre eles o ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski, que disse tratar-se de "uma nova perseguição contra quem pensa distinto" e acusou o Governo de "voltar a utilizar as instituições e o poder judicial para intimidar, perseguir e semear o medo".
"Nada disto vai mudar a realidade do país. Os venezuelanos estão cansados da política de terror", frisou na rede X (antigo Twitter).
Por outro lado, a ex-deputada Delsa Solórzano, condenou "este grave facto de perseguição política" e acusou o Governo do Presidente Nicolás Maduro de "violar constantemente os direitos humanos" dos venezuelanos "e cometer crimes contra a humanidade".